|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Presidente do partido vai a SP na quinta cobrar decisão sobre candidatura; no mesmo dia, fala com Alckmin, que tenta intimidar prefeito
PSDB faz pressão por definição de Serra
ELIANE CATANHÊDE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do PSDB, senador
Tasso Jereissati (CE), desembarca
quinta-feira em São Paulo para
uma conversa -que chamou de
decisiva- com o prefeito de São
Paulo, José Serra. Nela, Serra deverá responder se pretende mesmo deixar a prefeitura para disputar a Presidência. No mesmo
dia, Tasso se reunirá com o governador Geraldo Alckmin para saber se ele desistiria caso Serra estivesse disposto a concorrer.
De acordo com os interlocutores de Alckmin, a resposta é não.
"Buscamos um entendimento
entre eles [Serra e Alckmin]. Eles
têm o direito de querer ser candidato, mas também o dever de entender que chega uma hora em
que é preciso decidir, e que a decisão deve recair sobre o candidato
com mais possibilidade de vitória", disse Tasso, dando sinais de
preferência por Serra.
A interlocutores, como o governador da Paraíba, Cássio Cunha
Lima, Tasso disse que teria uma
"conversa definitiva com os dois".
"Se a negociação não tiver êxito,
ele terá que escolher a forma de
consulta", contou Cássio.
Segundo o deputado estadual
Pedro Tobias -acompanhante
de Alckmin na viagem de domingo ao Rio-, o governador já se
programou para o encontro com
Tasso na quinta-feira. Mas, até
para intimidar um hesitante Serra, os aliados de Alckmin já avisam que sua intenção é levar a disputa para o voto.
Secretário de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, João
Carlos Meirelles conta que o governador voltou de Washington
na quinta-feira passada usando o
exemplo dos Estados Unidos em
sua defesa. Alckmin repete que lá
os partidos têm "quatro, cinco"
pré-candidatos à Presidência e isso não é considerado nocivo.
Segundo Meirelles, a resposta
de Serra não afetará a pretensão
do governador. "Se Serra decidir
pela candidatura, o PSDB tem, como qualquer partido no mundo
inteiro, dois candidatos que naturalmente se apresentarão às instâncias", disse ele, citando o
PMDB e o PDT como exemplos.
Afirmando que o governador
está prestes a concluir a "era Covas/Alckmin", Meirelles insiste na
possibilidade de prévias caso Serra sinalize a possibilidade de concorrer. "Se houvesse unanimidade em quaisquer instâncias superiores à convenção [Executiva e
Diretório Nacional], seria fácil se
chegar a um consenso. Mas não
há. Respeitamos muito isso."
Aliados de Alckmin afirmam
que a orientação do governador
foi para que depusessem as armas
até domingo, prazo dado como
fatal para a escolha do candidato.
Até lá, o governador -que se exilou ontem em Pindamonhangaba- manterá sua agenda pública, mas sem tanto alarde.
Na segunda-feira, porém, ele
voltará à carga, com uma homenagem ao governador Mario Covas, no quinto aniversário de sua
morte. Em Santos, ele estará ao lado de Lila Covas, viúva do governador, que recentemente disse
que sentiria vergonha caso Serra
deixasse a prefeitura para concorrer. Na terça-feira, Alckmin viajará para a Paraíba, onde será homenageado por deputados estaduais do Nordeste.
"O governador pediu que baixássemos as baterias até domingo", disse Pedro Tobias.
"Esperamos que eles se entendam até domingo. Se não, teremos que nos movimentar", endossou o deputado José Carlos
Stangarlini.
Amanhã, Stangarlini estará ao
lado de Alckmin na catedral da Sé,
para o lançamento da campanha
da Fraternidade. Na manhã de
quinta-feira, ele vai inaugurar
uma escola técnica.
Sua agenda ganhará contorno
mais político se, até segunda-feira, não houver um desfecho. O
gesto, segundo um interlocutor
de Alckmin, é para evitar que Serra adie sua decisão.
A estratégia de Alckmin é intimidar Serra. Segundo seus aliados, o prefeito paulistano viajou
domingo a Buenos Aires para refletir sobre a possibilidade de renúncia. Líder do PSDB na Câmara, Jutahy Magalhães (BA) diz que
sua decisão depende do "grau de
solidariedade do PSDB". E ainda
não há essa segurança de apoio.
Jutahy tem insistido que Serra
disputará caso seja essa a vontade
do PSDB. "Será uma decisão solitária", avaliou o deputado Alberto
Goldman (SP).
Para Goldman, a "falta de escrúpulos dos petistas" é um ingrediente para que o prefeito reflita
bem antes de entrar numa "disputa cruenta".
Tasso deverá telefonar amanhã
para Serra, marcando o novo encontro. A preferência de Tasso e
do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pelo nome de Serra
é resultado da análise das pesquisas segundo as quais o candidato
mais competitivo contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) é o prefeito.
Segundo tucanos, Tasso, FHC e
Aécio estariam até dispostos a patrocinar Serra em possíveis prévias contra Alckmin, se o governador não desistisse. Nas conversas, Alckmin teria alegado que
não pode mais recuar. "Se não
houver entendimento e eu jogar a
toalha, aí teremos de discutir um
critério, como chamar a Executiva, ou o diretório, ou até mesmo
prévias, mas não acredito que
cheguemos a prévias", disse o
presidente do PSDB.
Texto Anterior: Em dia nublado, Lula pesca em base da Marinha Próximo Texto: Frase Índice
|