São Paulo, sábado, 28 de fevereiro de 1998

Próximo Texto | Índice

Painel

Bomba-relógio
O péssimo resultado das contas públicas em 97 assustou os aliados de FHC. Governadores, com Covas à frente, pressionam pela queda rápida dos juros. Argumento: se os Estados foram mal em 97, a atual taxa pode piorar muito o resultado de 98.

Testemunha ocular
De Iris Rezende (Justiça), duvidando das articulações de Itamar Franco para tentar se candidatar à Presidência: "Fernando Henrique demonstra muito mais interesse em ter o apoio do PMDB do que o ex-presidente".

Primeiro round
Se os governistas do PMDB vencerem a convenção e tirarem Paes de Andrade da presidência da sigla, Quércia teme ser a próxima vítima. Avalia que, com o controle nacional do partido, os governistas jogarão para tirar a seção paulista de suas mãos.

Segundo round
No final de maio, devem se realizar as convenções estaduais do PMDB. Quem tiver o controle nacional do partido ganha uma arma poderosa para tentar vencer os encontros regionais.

Pura maldade
Pefelistas dizem que os oposicionistas do PMDB contam com a simpatia velada de Inocêncio Oliveira. Se o partido deixar o barco de FHC, aumentariam as chances de ele realizar seu projeto de presidir a Câmara em 98.

Aeroporto 98
Quércia estuda a idéia de o PMDB paulista fretar um avião para levar os convencionais a Brasília para a convenção. O cacique iria junto para o corpo-a-corpo de última hora.

Dívida vencida
Os aliados peemedebistas de FHC apresentaram a fatura ao governador Paulo Affonso (SC), que ameaça apoiar a candidatura própria à Presidência: não fosse o Planalto, sua cabeça teria rolado na CPI dos Precatórios.

Mercado fraco
Covas está tendo dificuldade para achar os substitutos dos secretários que vão sair do cargo a fim de disputar a eleição.

Humor asiático
A maior preocupação atual da equipe econômica não é o Japão, cujos bancos divulgam seus balanços em abril. É uma desvalorização cambial na China, que provocaria reação em cadeia de consequências imprevisíveis.

Desespero de causa
Os servidores públicos não desistem. Na semana que vem, voltam a recepcionar os parlamentares que chegam a Brasília com panfletos contra a reforma da Previdência e muito barulho.

Discurso para a xiitada
Presidente do PT paulista, Antonio Palocci (taxado de privatizante pelos radicais quando foi prefeito de Ribeirão Preto) fala que o partido estuda seriamente defender a revisão da privatização de empresas "que não atendam ao interesse público".

Não precisa espalhar
Em sua próxima reunião, a Executiva Nacional do PSB devolverá o controle do partido em Belo Horizonte (MG) ao prefeito Célio de Castro. Mas repreenderá Ademir Andrade (PA), que chamou Arraes de "coronel".

Prevenção petista
Genoino (PT-SP) fixou uma placa na porta de seu gabinete: "Não insista: não fornecemos ajuda financeira, não fornecemos carta de apresentação, não queremos comprar nada".

Arbitragem mundial
O embaixador brasileiro Celso Lafer será um dos três juízes da comissão da Organização Mundial do Comércio que vai analisar o pedido dos EUA para restrição das exportações da Índia.

Dos males, o menor
Embora ache que o Plano Nacional de Direitos Humanos "virou fumaça", Nilmário Miranda (PT) diz que José Gregori ainda é a melhor saída interna para a substituição de Iris Rezende (Justiça). A PF se opõe.

Medo de vexame
Alguns deputados federais do PMDB paulista pensam em não disputar a reeleição. Apesar das defecções que a bancada já sofreu no final do ano passado, avaliam que ela cairá ainda mais com as eleições de outubro.

TIROTEIO


De Valdemar Costa Neto (PL), sobre a dívida pública de União, Estados e municípios ter dobrado durante o governo FHC:
- O Fernando Henrique fica tentando desmoralizar o Itamar, mas devia lembrar que recebeu dele um resultado fiscal bem melhor do que o atual.

CONTRAPONTO

Entre a cruz e a espada
Durante a discussão da lei ambiental, os deputados evangélicos implicaram com um artigo que proibia o barulho excessivo. Alegavam que ele impediria a realização dos cultos religiosos.
A pressão surtiu efeito, e o artigo acabou vetado pelo presidente. Mas, antes disso, os evangélicos promoveram uma verdadeira cruzada contra o projeto.
Preocupado com a radicalização das posições, o ministro da Justiça, Iris Rezende, decidiu chamar os deputados e os técnicos do ministério para uma reunião na qual tentaria aparar as divergências.
Não deu certo. Os técnicos não aceitaram a acusação de perseguição religiosa. Os deputados nem queriam ouvir falar em soluções como revestimento acústico dos templos. Quando os ânimos estavam mais exaltados, Iris Rezende, que é evangélico, interveio, solene:
- Meus irmãos, vamos fazer uma oração e pedir a orientação divina.



Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.