NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

Globo, Record e Band gravaram o novo desabamento no Rio. Foi "competência", mas também "sorte", explicou uma delas, orgulhosa.
Na verdade, foi também e sobretudo a novelização, que assola de quando em quando a cobertura de TV.
A maioria das redes tem equipe no local, sem parada, em "links" para os telejornais, entradas nos intervalos, produção de especiais que começam a ser anunciados, com títulos como "tragédia".
No desabamento, não faltaram locuções em "tempo real", à Gil Gomes. Emoção, drama humano, um vilão autêntico. E, pela enésima vez, "veja de novo as imagens do desmoronamento".
O Cidade Alerta, programa sensacionalista, mandou apresentador de São Paulo para a Barra da Tijuca.
E a sequência de acusações ao "vilão" deputado prosseguia, também sem parada, por todo canto do país, de Osasco a Brasília.
Ontem descobriram que está sendo processado por funcionários de uma rádio do Triângulo Mineiro.
Também ontem, avolumou-se o "subplot", a trama paralela que tenta fazer do presidente da República uma espécie de cúmplice.
Seu porta-voz precisou dar coletiva para dizer que FHC nada tem a ver com as relações entre o "vilão" deputado e o Banco do Brasil.
A Globo passou o dia repisando que ele deve ao BB, que está na "lista negra" do INSS etc. E ainda assim obteve empréstimo do próprio BB.
Cenas de impacto, política, drama. Telenovela.
Fim do Jornal Nacional:
- E amanhã nós vamos acompanhar a implosão do Palace 2, ao vivo.

Pitta surgiu altivo na Globo, inspecionando obras.
E teve outra "boa notícia". O Creci, que autuou uma corretora que vendia apartamentos do Cingapura, não vai mais poder fiscalizar.



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