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OUTRO LADO
Requião diz que contratou por "ação política'
da Sucursal de Brasília
O senador Roberto Requião
(PMDB-PR) disse que não contratou o seu irmão Maurício Requião
pelo critério do parentesco, mas
sim pelo critério da ação política.
Requião fez um discurso irônico
para justificar a prática do nepotismo, citando parentes do presidente Fernando Henrique Cardoso e
até a Folha.
"Eu tentei contratar a filha (Luciana Cardoso) do Fernando Henrique. Ela já estava contratada (trabalha no Palácio do Planalto). Tentei contratar o genro dele, o (David) Zylbersztajn (presidente da
Agência Nacional de Petróleo). Ele
já estava empregado. Procurei o filho (Paulo Henrique) do Fernando
Henrique. Ele também, pela influência do pai, já tinha um cargo
importante", disse o senador.
Em seguida, justificou a contratação do irmão. "Coloquei no meu
gabinete duas pessoas que fazem
política comigo há 30 anos: o ex-deputado federal que é meu irmão
e está tocando o meu escritório em
Curitiba e um outro irmão."
Requião criticou a reportagem
da Folha. "Acho que a Folha está
prestando novamente um desserviço ao mexer em um moralismo
sórdido/udenista quando o país
está desabando pelas bordas. Eu
repudio e repilo esse tipo de moralismo udenista de quinta categoria", afirmou.
O senador voltou, então, ao tom
irônico. "Tentei contratar o filho
(Otavio Frias Filho, diretor de Redação da Folha) do Frias (Octavio
Frias de Oliveira, publisher da Folha), mas esse estava empregado
no jornal. Eu me recusei até a conversar com ele, porque ele já tinha
um emprego no jornal do pai.
Agora, não contratei por critério
de parentesco, mas pelo critério da
ação política, sem nenhum falso
escrúpulo."
No final, Requião preferiu o tom
agressivo: "Vocês vão à merda
com esse troço. Vocês não têm
mais o que fazer?". Depois, Requião voltou a fazer as mesmas referências sobre a Folha e parentes
do presidente durante sessão do
Senado, na última quinta-feira.
O senador João Alberto (PMDB-MA) justificou a contratação do filho João Marcelo Souza. "Fui governador e nunca usei a família.
Sou contra. Mas ele é imprescindível. É pessoa de inteira confiança.
O senador tem de ter alguém de
confiança, que abra a sua pasta."
O senador Luiz Pontes (PSDB-CE) disse que contratou o filho do
ex-senador Beni Veras (PSDB-CE), José Clayton Alcântara, porque aproveitou os funcionários do
seu gabinete. "O Clayton faz um
trabalho no Ceará, em contato
com as prefeituras", afirmou.
O senador Antero Paes de Barros
(PSDB-MS) disse que contratou a
irmã Helena Maria porque ela
coordenou a área de educação durante a sua campanha eleitoral.
O chefe de gabinete do senador
Nabor Junior (PMDB-AC), Mário
Nelson Duarte, afirmou que o irmão do ex-senador Flaviano Melo
(PMDB-AC) foi contratado porque é "um ex-deputado federal,
advogado e profissional de qualidade". "O senador conviveu com
ele na legislatura 87/90", disse.
O chefe de gabinete do senador
Tião Viana (PT-AC), Hércio Almeida, afirmou que Áurea Macedo
Neves não foi contratada porque é
ex-mulher de Jorge Viana, mas sim
porque é fundadora do PT e militante do partido há dez anos.
O chefe de gabinete do senador
Maguito Vilela (PMDB-GO), Gláucio Ribeiro, disse que Gean Carlo
Carvalho, cunhado do senador, foi
contratado porque foi secretário
de Comunicação Social de Goiás
no governo de Maguito.
Mozarildo Cavalcanti (PPB-RR)
e Gilberto Mestrinho (PMDB-AM)
foram procurados pela Folha, mas
não responderam por que contrataram parentes.
O deputado Severino Cavalcanti
(PPB-PE) disse que contratou o filho porque precisava de pessoa de
confiança na 2ª vice-presidência.
"Quem vai zelar por mim? O meu
filho, que é o meu sangue. Ele faz a
circulação política em Pernambuco nos finais de semana."
O líder do PDT na Câmara, Miro
Teixeira (RJ), disse que a filha do
ex-líder Matheus Schmidt foi contratada pelos assessores da liderança por critérios técnicos.
Os deputados Zé Gomes da Rocha (PSD-GO) e Nelson Trad
(PTB-MS) foram procurados pela
Folha, mas não responderam por
que contrataram parentes.
A Folha procurou a assessoria de
FHC para comentar as declarações
de Requião. Não houve retorno até
o fechamento desta edição.
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