São Paulo, Domingo, 28 de Fevereiro de 1999
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Rio dá prazo de um mês para a União

LUIZ ANTÔNIO RYFF
enviado especial a Brasília

O governador do Rio, Anthony Garotinho (PDT), 38, insiste em renegociar a dívida do seu Estado com a União e deu um prazo até o final do próximo mês para o começo da concretização das promessas feitas pelo presidente Fernando Henrique Cardoso na reunião de anteontem com os governadores.
Embora o ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, tenha reafirmado a recusa em renegociar a dívida com os Estados, Garotinho deve encaminhar ainda esta semana -provavelmente amanhã- um pedido formal para que o acordo do Rio de Janeiro com a União seja retirado do Senado, onde aguarda aprovação.
Usando essa brecha, ele quer forçar uma nova renegociação com o governo federal. O Rio vem pagando suas parcelas de dívidas de contratos anteriores.
Desde janeiro, Garotinho tenta, com os senadores que integram a CAE (Comissão de Assuntos Econômicos), negociar a suspensão da votação do acordo, que foi assinado por Marcello Alencar (PSDB), antecessor do pedetista, em meados do ano passado.
Esse acordo engloba cerca de R$ 12 bilhões da dívida. Garotinho quer que ele abarque o montante total: R$ 22 bilhões.
Ele também pleiteia que o comprometimento da receita líquida no pagamento das parcelas mensais continue sendo de 6,28% -como nos acordo antigos-, em vez dos 14% previstos no novo acordo. Caso contrário, segundo o governador do Rio, a dívida será ""impagável".
Mesmo reconhecendo que o encontro com o presidente rendeu mais dividendos dos que os esperados pelos governadores de oposição, Garotinho acredita que o resultado ainda é insuficiente. Ele saiu da reunião com FHC afirmando que a renegociação é ""uma questão de honra" para ele.
Eles receiam que o governo federal possa estar querendo ganhar tempo com as concessões oferecidas. Se perceber que o governo fez promessas apenas para protelar uma solução para a crise e que o esforço de entendimento era só uma fachada, Garotinho ameaça radicalizar. Ele deu um prazo até o final do mês para que os resultados da reunião comecem a aparecer.
A Folha apurou que, em Brasília, Garotinho teve um diálogo duro com o ministro da Fazenda, Pedro Malan, com quem entrou conversando na sala de reunião na Granja do Torto. Ele voltou a dizer que a capacidade do governo do Rio de manter o pagamento da dívida sem comprometer a administração não passa de março.


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