|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AGENDA PETISTA
Presidente promete para abril projetos tributário e da Previdência
Lula quer governadores para levar reformas ao Congresso
Ormuzd Alves/Folha Imagem
|
O presidente Lula discursa na posse no novo presidente da Associação Comercial do Estado de São Paulo, Guilherme Afif Domingos |
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva minimizou ontem as dificuldades do governo para enviar
ao Congresso as propostas de reformas tributária e da Previdência
e disse que, até abril, entregará ao
Legislativo, acompanhado dos
governadores, os projetos do Executivo para os dois temas.
"Pretendo fazer um gesto, com
a concordância dos governadores: eu e os 27 governadores sairemos do Palácio do Planalto, atravessaremos a pé aquela rampa e
entregaremos pessoalmente as reformas ao Congresso", afirmou o
presidente, durante a cerimônia
de posse do novo presidente da
Associação Comercial de São
Paulo, Guilherme Afif Domingos.
Para a platéia de cerca de 1.300
empresários, Lula chegou a dizer
que "a coisa [o encaminhamento
das reformas] andou tão bem até
agora", que ele não vai esperar o
segundo semestre -prazo estipulado pelo petista durante a
campanha- para enviar as reformas ao Congresso.
Não mencionou, entretanto, as
dificuldades que o governo encontra para elaborar os textos sobre as alterações nos sistemas previdenciário e tributário.
A proposta de reforma tributária, por exemplo, tem de levar em
consideração os distintos interesses dos Estados na mudança do
local de cobrança do ICMS, um
dos pontos mais polêmicos. Para
acelerar o processo, a proposta a
ser enviada neste semestre para o
Congresso será enxuta.
A reforma da Previdência é ainda mais complicada para o governo petista. Isso porque atinge uma das principais bases do PT,
que é a dos servidores. A categoria
se opõe ao PL-9, que pode ser o
ponto de partida da reforma. O
projeto prevê a criação de fundos
de previdência complementar para os futuros servidores.
"Estou mexendo com a minha
base, com sindicalistas que votaram em mim. Por que estou fazendo isso? Poderia empurrar com a barriga mais quatro anos.
O presidente não tem de pensar
em seu mandato, tem de pensar
em seu país", afirmou Lula.
O empresário Antônio Ermírio
de Moraes, que na campanha disse que Lula estava longe de ser um
estadista, foi à cerimônia, mas
não assistiu ao discurso do presidente. A organização do evento
afirmou que ele foi barrado pelos
seguranças da Presidência pois teria chegado ao local quando o salão já estava lotado. Ermírio nega.
Disse que foi embora porque a cerimônia atrasou, e ele já tinha
marcado outro compromisso.
Lula voltou a criticar o que chamou de "pressa" dos adversários
para a aprovação das reformas.
Defendeu cautela do governo e
disse: "O apressado come cru".
"Quando a gente é de oposição,
você pode fazer bravata porque
não vai poder executar nada mesmo. Agora, quando você é governo, tem de fazer. Aí não cabe bravata", disse Lula, que foi então
aplaudido pelos empresários.
Davos e inglês
O presidente falou de improviso
durante quase 40 minutos. Pediu
a participação dos empresários
para a provação das reformas por
meio do que chamou de "lobby
sadio" e relembrou momentos de
atrito que teve com a classe durante sua carreira política.
"Alguém de vocês um dia imaginou que eu pudesse ser o presidente mais aplaudido na história
de Davos?", perguntou. Logo depois, ao comentar a condução da
economia, Lula disse que os empresários pensavam que, quando
ele tomasse posse, o Brasil ia "entrar em uma bancarrota". "Ele
não fala nem inglês, como quer
governar o país?", disse Lula, ironizando ataques que recebeu durante a campanha.
O presidente foi aplaudido pela
platéia ao defender uma postura
mais agressiva no comércio exterior. Lula destacou a atuação dos
ministros do Desenvolvimento,
Luiz Fernando Furlan, e da Agricultura, Roberto Rodrigues.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Isto é Lula Índice
|