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DE PONTA-CABEÇA
Oposição e PT trocam papéis durante votação
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A tentativa de votação da
proposta que dá margem para
autonomia do Banco Central
causou um fato inusitado ontem. Os principais críticos ao
projeto do governo pertenciam à base aliada, sendo que
a oposição integrou o grupo
dos defensores dos pontos de
vista do governo.
"Que vida difícil a nossa,
que tempos árduos. Peço auxílio aos companheiros da base de governo para que deixem a gente ser oposição. Eles
estão fazendo o nosso papel,
isso é invasão de competência", declarou, arrancando risos dos deputados, o pefelista
José Thomaz Nonô (AL).
Enquanto membros das alas
radicais do PT, como os deputados Babá (PA) e Luciana
Genro (RS), atacaram a PEC
do sistema financeiro e a possibilidade de autonomia do
BC, os tucanos Alberto Goldman (SP) e Luiz Carlos Hauly
(PR) também discursaram,
mas em defesa do projeto.
Segundo Nonô, membros
da base aliada têm que ressaltar sempre que são governo,
pois defendem pontos de vista
quase sempre contrários ao
governo. "Quero ajudar o Lula a começar a governar."
A declaração do deputado
foi feita logo após a fala em
que o pedetista Pompeu de
Mattos (RS), da base aliada ao
Planalto, declarava intenção
de voto contrário à proposta
defendida pelo governo.
"O que é isso que estamos
vivendo? Estamos sendo liderados pelo deputado Babá?
Assistir ao PFL aplaudi-lo é
muito para mim. Não dá",
afirmou o deputado Roberto
Jefferson (RJ), líder do PTB.
As declarações do petebista
fazem referência à piada corrente na Câmara segundo a
qual Babá, devido às suas frequentes críticas ao governo,
seria o líder da oposição.
Ex-integrante da tropa de
choque do ex-presidente Fernando Collor e ex-defensor de
FHC, Jefferson agora é governo. Em sua fala, repreendeu os
colegas por fazerem "o PT
sangrar" em suas contradições internas, mas encaminhou orientação de voto contrário ao requerimento defendido àquela altura pelo PT para adiar a votação da PEC.
"Não podemos enfraquecer o
governo deste jeito", disse.
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