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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/HORA DAS CONCLUSÕES
Comissão identificou mais assessores que receberam recursos de empresas ligadas ao "valerioduto" ou que estiveram no Banco Rural
CPI dos Correios listará mais 50 suspeitos
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CPI dos Correios identificou
cerca de 50 novos assessores parlamentares que ou receberam recursos das empresas e corretoras
ligadas ao "valerioduto" ou que
estiveram na agência do Banco
Rural em Brasília onde o "mensalão" era distribuído. A Folha consultou a relação e localizou dois
assessores de deputados do
PMDB, um do PTB, um do PP e
outro do PT, que já serviu ao deputado cassado José Dirceu. Os
quatro partidos compõem a base
de sustentação do governo.
Dos 50 nomes, pelo menos 14
receberam recursos das empresas
e corretoras ligadas ao "valerioduto", o que não significa que tenha havido irregularidades. Os
dados devem constar do relatório
final da CPI, previsto para ser
apresentado entre hoje e amanhã.
A CPI deve informar os nomes
dos novos assessores, mas sem dizer que o dinheiro recebido tenha
correlação com o "mensalão".
Dos cinco funcionários da Câmara identificados pela Folha, a
reportagem conseguiu entrar em
contato com três. Os três negaram
qualquer envolvimento com o
"mensalão" e disseram que estiveram na agência do Banco Rural
no Brasília Shopping para resolver questões pessoais. O caso que
mais chamou a atenção dos técnicos da CPI foi o de Cefas de Oliveira Souza, assessor do deputado
José Militão (PTB-MG).
Cefas esteve quatro vezes na
agência do Rural, entre julho de
2002 e outubro de 2003. Em duas
ocasiões, nos dias 10 e 29 de setembro de 2003, as idas de Cefas
coincidiram com saques no Rural, nos valores de R$ 100 mil e R$
250 mil, respectivamente. Ele disse que foi a agência do Rural para
descontar cheques, na boca do
caixa, referentes à venda de uma
carreta. Questionado por que sacou os recursos, disse que era para
fugir da CPMF. Ele disse que os
saques foram a redor de R$ 6.000.
Cleide de Freitas Lima, assessora do deputado Moacir Micheletto, do PMDB do Paraná, esteve
duas vezes na agência do Rural no
final de 2002. Suas idas ao banco
não coincidem com as retiradas
em dinheiro da SMPB, agência de
publicidade de Marcos Valério,
levantadas pelo Coaf. Cleide explicou que foi ao Rural para descontar cheques referentes à venda
de bijuterias. Segundo reportagem da revista "Veja", o ex-deputado peemedebista José Borba,
também do Paraná, teria distribuído recursos do "valerioduto" a
outros deputados do partido.
Pedro Mendes de Sousa Rosa,
que trabalha no gabinete do deputado Benedito de Lira (PP-AL),
esteve na agência do Rural no dia
1º de outubro de 2004. Não houve
saques da conta da SMPB nessa
data. O assessor do deputado do
PP disse que foi ao banco para pagar uma ficha de compensação relacionada à compra de adubo.
Também faz parte da lista Renato Paoliello, assessor de imprensa
do deputado Nilton Baiano (PP-ES). Paoliello recebeu R$ 100 mil
em 2004 da corretora Euro, uma
dos principais alvos da sub-relatoria da CPI que investiga supostos desvios de recursos de fundos
de pensão. Ele tem afirmado que
o dinheiro se refere ao serviço
prestado à corretora. Entre os 14
está também um assessor de um
deputado petista do Centro-Oeste. Esse assessor havia trabalhado
antes para José Dirceu.
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