|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lula coloca Lupi no Trabalho e Marinho na Previdência
Nelson Machado, atual ministro da Previdência, terá cargo no Ministério da Fazenda
Pedetistas eram contrários à reforma previdenciária; presidente, para evitar constrangimentos, acertou, então, o remanejamento
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu fazer uma alteração de última hora na reforma ministerial. Convidou o
presidente do PDT, Carlos Lupi, a assumir o Ministério do
Trabalho. Lupi, antes cotado
para a Previdência, aceitou depois de consultar a bancada.
Na noite de ontem, Lupi se
reuniu com o atual ministro do
Trabalho, Luiz Marinho, e com
o deputado Paulinho da Força
(PDT-SP). Ficou acertada a
mudança.
"Podem anunciar. Acabei de
confirmar com o presidente e
vou para o ministério do Trabalho. Achamos que era melhor
para o partido. O Ministério do
Trabalho é a razão de ser do trabalhismo", disse Lupi.
Marinho vai assumir a Previdência e o hoje ministro Nelson
Machado vai para a secretaria-executiva do Ministério da Fazenda, segundo informaram
Lupi e Paulinho ontem à noite
depois da reunião. Assessores
diretos do presidente confirmaram que esse era o desenho
traçado por Lula.
"Preferíamos que Marinho
ficasse, mas achamos melhor
não criar problema além de
prestigiar o Lupi", disse Paulinho da Força.
Luiz Marinho, titular do Trabalho, foi chamado ao Palácio
do Planalto por volta das 21h.
Lula discutiu com ele o remanejamento para a pasta da Previdência.
Lupi e o PDT se colocavam
publicamente contrários a reformas na área. Para evitar o
constrangimento, o presidente
da República pensou na alternativa envolvendo o Trabalho.
Marinho terá que fazer um
sacrifício indo para a Previdência. Ele ficará no governo até
abril do ano que vem, quando
será candidato a prefeito de São
Bernardo do Campo.
Nesse caso, Marinho teria
apenas de ficar à frente da Previdência encaminhando uma
futura reforma na área, mas
não a ponto de comprometer
seu futuro político eleitoral.
Mudanças nessa área sempre
equivalem a corte de benefícios
e os políticos fogem desse tipo
de operação.
O PDT, do seu lado, fica com
uma pasta mais correlata à sigla, cuja tradição histórica é o
trabalhismo.
Depois de ofertada a pasta do
Trabalho, Lupi ligou para Miro
Teixeira (RJ) que estava no
Congresso e pediu a ele para fazer uma rápida consulta à bancada. A maioria preferiu sua ida
ao Trabalho. "Trabalho e Previdência são pastas muito identificadas com o partido", declarou Miro ontem.
Lula deve concluir a reforma
nesta semana. Ele convocou
para a próxima segunda-feira
uma reunião ministerial em
que pretende anunciar todo o
primeiro escalão de seu segundo mandato.
A reunião será uma forma de
anunciar o fim da reforma ministerial, que se arrastou por
cinco meses, e os nomes dos 36
ministros que integrarão o primeiro escalão de governo. O
encontro deve durar o dia inteiro na residência oficial da
Granja do Torto. Waldir Pires
(Defesa) deve ser substituído
num segundo momento, pós-reforma e diante de um eventual esfriamento da crise aérea.
Para cada ministro oriundo
do primeiro mandato, a reunião será um carimbo de continuidade no cargo. Se enquadra
nessa situação o ministro do
Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel (PT-RS), que ontem, por meio de seu gabinete,
recebeu o convite do Planalto
para a reunião de segunda-feira
-a primeira do segundo mandato.
Texto Anterior: Senado: Comissão aprova mais rigor para crime financeiro Próximo Texto: PT reage à perda de cargos em ministérios Índice
|