São Paulo, segunda, 28 de abril de 1997.

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Painel


Paiol de pólvora
Há uma escalada no uso de armas nas disputas agrárias no norte do Paraná. O secretário da Segurança promete iniciar amanhã uma campanha de desarmamento na região. Há 37 ordens judiciais de reintegração de posse não-cumpridas no Estado.

Justiça privatizada
A morte de um empregado dos fazendeiros ontem perto de Londrina não é um caso isolado. Na quinta, 120 famílias foram desalojadas por seguranças particulares na região de Maringá. A PM mantém distância dos conflitos.

Boca no trombone
Paulo Bernardo (PT-PR) avisou gregos e troianos ontem sobre o conflito perto de Londrina. Foi por ele que o ministro da Justiça, Milton Seligman, e o coordenador do MST Gilmar Mauro ficaram sabendo da história.

Não é comigo
Dias agitados para o governo: liminar contra a venda da Vale, empurra-empurra no Rio, conflito com morte entre militantes do MST e seguranças de fazendeiros da UDR no Paraná. E FHC ainda aparenta bom humor.

Se o PFL deixar
Reservadamente, FHC tem dito que não tem compromisso com nenhum ministro para o eventual segundo mandato. Há quem interprete como desejo de um governo mais pessoal.
Coordenação de primeira
Ainda a derrota na reforma administrativa: o governo contabilizou 20 deputados em gabinetes federais na hora da votação. Metade deles daria a vitória a FHC.

Guinada à direita
Miguel Arraes quer falar com FHC sobre 98. O governador não planeja apoiar Lula. Em troca, gostaria de amaciar PMDB e PFL, seus maiores adversários na sucessão em Pernambuco.

Saída paralela
A reforma eleitoral deve assegurar a volta da candidatura automática de deputados. Para salvar Michel Temer, Luiz Carlos Santos e Alberto Goldman, caso o PMDB quercista ameace deixá-los sem legenda em 98.
Rodoanel 1
Fechado o novo traçado do anel viário em torno de São Paulo. O primeiro trecho foi encurtado em quase 10 km e ligará a rodovia dos Bandeirantes à Régis Bittencourt. Não chegará mais à estrada de Itapecerica.

Rodoanel 2
Com custo de R$ 500 milhões, o rodoanel será administrado pela iniciativa privada. O consórcio que oferecer mais dinheiro levará a concessão. Preço mínimo: 15% do valor da obra, que deve acabar em março de 2000.

Valorizando o passe
No PFL, é grande a torcida para que Itamar Franco dispute a Presidência em 98. O partido diz também que, se Maluf quiser o Planalto, FHC precisará dos pefelistas mais do que nunca.
Ao contrário do chefe
O relatório da lei de teles prevê que não haverá reeleição no órgão regulador do setor. O mandato será único e de cinco anos.

Vitória feminista
O lobby feminista fez o governo paulista desistir da criação de uma delegacia especializada na investigação de crimes sexuais, que seria vinculada à Polícia Civil. A atribuição será entregue à 1¦ Delegacia da Mulher.

Na lata
Rafael Greca, ex-prefeito de Curitiba, deu um ultimato ao sucessor, também pedetista, Cássio Taniguchi: ``Gostei de ser prefeito. Ou me elegem para um cargo bem atraente, ou vou disputar com você em 2000''.

Efeito pataxó
As comissões de Direitos Humanos e do Meio Ambiente e Minorias da Câmara elaboram em conjunto agenda de projetos prioritários para os índios. Também pedirão ao Planalto a saída de Júlio Gaiger da Funai.


E-mail: painel@uol.com.br

TIROTEIO

De Paulo Bernardo (PT-PR), sobre a escalada do uso de armas nos conflitos agrários no Paraná:
- Virou um país sem lei. Se o governo deixar correr solto o problema, vai virar um conflito generalizado. Está se consolidando a idéia de usar milícias para fazer justiça.
Do líder pecuarista Pedro de Camargo Neto:
- O governo não aceita ocupação de seus prédios, mas não reage à invasão de fazendas. Não se pode tolerar o rompimento do Estado de direito. É aí que a UDR cresce. Me recuso a entrar nessa rota. Isso não vai acabar bem.

CONTRAPONTO

É o bicho A cidade de Cambé, perto de Londrina (PR), foi sede de um congresso sobre sericicultura -criação do bicho-da-seda.
Na mesa de honra, na abertura, havia políticos paranaenses como o prefeito de Londrina, Antônio Belinati e sua mulher, Emília, vice-governadora.
O discurso mais longo foi o do prefeito de Londrina. Belinati, porém, não conseguia pronunciar a palavra ``sericicultura'' de jeito nenhum. A toda hora, falava ``sericultura''.
A certa altura, Emília, que acompanhava os escorregões do marido com impaciência, mandou-lhe um bilhete, alertando para o erro.
Belinati parou o discurso, virou-se para a mulher e teimou:
- Eu estou falando certo, Emília: se-ri-cul-tu-ra.
Ela não se conteve:
- É se-ri-ci-cul-tu-ra.
- OK. Então vamos falar da criação do bicho-da-seda - disse Belinati, encerrando a discussão.

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