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FHC é retrato de desarticulação
ELIANE CANTANHÊDE
Diretora da Sucursal de Brasília
O governo está politicamente desarticulado e isso se reflete nas manifestações erráticas do presidente
Fernando Henrique Cardoso e na
ação descoordenada de aliados do
Planalto na CPI dos Bancos.
Exemplos da desarticulação:
1) O Planalto não quer que Pedro
Malan (Fazenda) deponha na CPI,
mas ministros, parlamentares governistas e até o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães
(PFL-BA), defendem o contrário.
Segundo eles, o ministro Malan
deveria tomar a iniciativa de depor, para não ser forçado a ir pela
oposição e para não deixar a impressão, na opinião pública, de que
o governo tem algo a esconder;
2) Planalto e governistas divergem sobre a eventual substituição
do presidente da CPI, Bello Parga
(PFL-MA), por motivos de saúde.
No caso de impedimento, o governo e ACM gostariam que José
Roberto Arruda (PSDB-DF) assumisse a vaga, mas a bancada tucana no Senado é contra: "O cargo
não pertence ao partido, que não
considera a CPI prioritária na
agenda política do país e não tem
por que assumi-lo", disse ontem o
líder Sérgio Machado (CE);
3) FHC deu declarações defendendo Francisco Lopes e depois
recuou. Disse em seguida que não
se manifestaria mais sobre a CPI,
mas soltou uma nota oficial condenando a decisão do ex-presidente
do BC de não depor à comissão.
Não faltaram governistas criticando a nota do presidente e a sua
insistência em "se jogar" na CPI;
4) Só na quinta o secretário-geral
da Presidência, Eduardo Graeff,
convocou governistas para articular estratégia para o depoimento
de Lopes. No final, o governo foi
surpreendido com a decisão de Lopes. Os primeiros a saber foram
Parga e o relator João Alberto
(PMDB-MA), cerca de 20 minutos
antes. Só depois o Planalto soube;
5) O Planalto, por último, enfrenta a CPI desfalcado de líderes
no Congresso. O deputado Arthur
Virgílio Neto (PSDB-AM) está indicado há semanas para a liderança do governo no Congresso, e
Gérson Camata (PMDB-ES) é cotado para a liderança no Senado.
As duas escolhas, entretanto, não
serão formalizadas tão cedo. O governo não quer atritos com o PFL,
excluído da composição.
Na prática, cada um faz o que
quer. Para Pimenta da Veiga (Comunicações), há uma injustiça: "Se
o governo age, dizem que quer manipular. Se não age, dizem que há
desarticulação. Não tem jeito".
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