São Paulo, Quarta-feira, 28 de Abril de 1999
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"AI-5 era menos hipócrita", diz advogado Vieira

MÁRIO MAGALHÃES
da Sucursal do Rio

Chamado de ""moleque" pelo presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, o advogado Luís Guilherme Vieira defendeu ontem a ""orientação política" que deu ao ex-presidente do Banco Central Francisco Lopes.
O advogado foi expulso do plenário da CPI dos Bancos por ordem de ACM anteontem, quando completava 39 anos de idade. Para ele, a prisão de Lopes foi ilegal.
Vieira reafirmou o que julga ser o direito de o ex-presidente do BC não prestar depoimento como testemunha, mas como réu (é investigado sob acusação de sonegação fiscal e outros crimes). Como réu, poderia ficar calado.
Vieira afirmou ontem que estuda ação contra o Senado e que Lopes deporá à Justiça. Se for novamente convocado pela CPI, manterá o comportamento de segunda.
Ontem de manhã, pouco depois de chegar ao Rio, o advogado enviou telegrama ao advogado Antônio Carlos Barandier, para quem trabalhou por sete anos, antes de abrir seu próprio escritório.
Na mensagem, citou uma frase do ex-patrão, dizendo, numa referência indireta aos episódios de anteontem no Senado, que ""o AI-5 era menos hipócrita".
O Ato Institucional número 5 foi decretado pelo governo militar em 1968, endurecendo o regime com a suspensão de liberdades políticas.
Luís Guilherme Vieira começou na carreira como estagiário do criminalista Nilo Batista.
Tornou-se mais conhecido ao representar os filhos da atriz Yara Amaral, morta no naufrágio do Bateau Mouche na virada de 1988 para 89, e ao assumir por pouco tempo, com George Tavares, a defesa do ator Guilherme de Pádua no caso Daniella Perez.
A seguir, trechos da entrevista.

SEM ARREPENDIMENTO - ""Não tenho dúvida de que a orientação política foi correta. Os principais juristas do país já se manifestaram nesse sentido, mas agora estou preocupado em traçar o que é a melhor estratégia. O direito constitucional, direito ao silêncio, era isso que estava na petição que apresentei. De ontem, prefiro guardar a lembrança de que em determinado momento alguns direitos não foram respeitados e que daqui para a frente todos eles serão."
AÇÃO - ""A prisão do professor Francisco Lopes foi ilegal, mas tudo isso (ação na Justiça contra o Senado) está sendo estudado."

SILÊNCIO - ""Ele (Francisco Lopes) não é parlamentar, não é político, vai ter o momento certo de depor. (Vai falar) no momento certo, no local certo, na Justiça."

NOVA CONVOCAÇÃO - ""Não acredito que isso vá acontecer."

ESTADO EMOCIONAL - ""O professor está cabisbaixo, alquebrado. Na verdade, seu choro é interno."

EXPULSÃO - ""Eu me sinto atingido enquanto categoria, instituição. É uma prerrogativa minha estar ao lado do meu cliente."


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