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"AI-5 era menos hipócrita", diz advogado Vieira
MÁRIO MAGALHÃES
da Sucursal do Rio
Chamado de ""moleque" pelo
presidente do Senado, Antonio
Carlos Magalhães, o advogado
Luís Guilherme Vieira defendeu
ontem a ""orientação política" que
deu ao ex-presidente do Banco
Central Francisco Lopes.
O advogado foi expulso do plenário da CPI dos Bancos por ordem de ACM anteontem, quando
completava 39 anos de idade. Para
ele, a prisão de Lopes foi ilegal.
Vieira reafirmou o que julga ser o
direito de o ex-presidente do BC
não prestar depoimento como testemunha, mas como réu (é investigado sob acusação de sonegação
fiscal e outros crimes). Como réu,
poderia ficar calado.
Vieira afirmou ontem que estuda
ação contra o Senado e que Lopes
deporá à Justiça. Se for novamente
convocado pela CPI, manterá o
comportamento de segunda.
Ontem de manhã, pouco depois
de chegar ao Rio, o advogado enviou telegrama ao advogado Antônio Carlos Barandier, para quem
trabalhou por sete anos, antes de
abrir seu próprio escritório.
Na mensagem, citou uma frase
do ex-patrão, dizendo, numa referência indireta aos episódios de
anteontem no Senado, que ""o AI-5
era menos hipócrita".
O Ato Institucional número 5 foi
decretado pelo governo militar em
1968, endurecendo o regime com a
suspensão de liberdades políticas.
Luís Guilherme Vieira começou
na carreira como estagiário do criminalista Nilo Batista.
Tornou-se mais conhecido ao representar os filhos da atriz Yara
Amaral, morta no naufrágio do
Bateau Mouche na virada de 1988
para 89, e ao assumir por pouco
tempo, com George Tavares, a defesa do ator Guilherme de Pádua
no caso Daniella Perez.
A seguir, trechos da entrevista.
SEM ARREPENDIMENTO - ""Não
tenho dúvida de que a orientação
política foi correta. Os principais
juristas do país já se manifestaram
nesse sentido, mas agora estou
preocupado em traçar o que é a
melhor estratégia. O direito constitucional, direito ao silêncio, era isso que estava na petição que apresentei. De ontem, prefiro guardar a
lembrança de que em determinado
momento alguns direitos não foram respeitados e que daqui para a
frente todos eles serão."
AÇÃO - ""A prisão do professor
Francisco Lopes foi ilegal, mas tudo isso (ação na Justiça contra o
Senado) está sendo estudado."
SILÊNCIO - ""Ele (Francisco Lopes) não é parlamentar, não é político, vai ter o momento certo de
depor. (Vai falar) no momento
certo, no local certo, na Justiça."
NOVA CONVOCAÇÃO - ""Não
acredito que isso vá acontecer."
ESTADO EMOCIONAL - ""O professor está cabisbaixo, alquebrado.
Na verdade, seu choro é interno."
EXPULSÃO - ""Eu me sinto atingido enquanto categoria, instituição.
É uma prerrogativa minha estar ao
lado do meu cliente."
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