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EVENTO
Em debate ontem na Folha, pesquisadores divergem quanto ao número de brasileiros que não têm renda suficiente
Especialistas cobram critério do governo para apurar pobreza
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo brasileiro não deu um
passo importante
para a implementação de uma política
eficaz de combate à
fome: definir o critério para apurar o número de brasileiros abaixo da linha de indigência. Os especialistas em políticas de combate à fome divergem quanto ao número de pessoas que não têm renda suficiente para garantir alimentação adequada, mas todos
afirmam que o governo deve, o
mais rápido possível, adotar um
critério.
Na estimativa do pesquisador
Ricardo Paes de Barros, do Ipea,
eles são 22 milhões de brasileiros.
Para Marcelo Neri, da FGV-RJ, o
número pode chegar a 50 milhões
de pessoas. O Instituto Cidadania
(ONG ligada ao PT) estima o número de pessoas abaixo da linha
de pobreza em 44 milhões.
Todos os pesquisadores debateram as metodologias para dimensionar o número de brasileiros em
condições de extrema pobreza em
seminário realizado ontem pela
Folha, em parceria com o Ipea.
Hoje, eles discutem propostas para enfrentar a fome no Brasil.
O critério geral para afirmar que
uma pessoa está abaixo da linha
de indigência -ou em condições
de extrema pobreza- é verificar
se ela tem renda suficiente para
adquirir um dieta diária balanceada, de cerca de 2.300 calorias.
Os pesquisadores, no entanto,
divergem em relação à metodologia adequada para apurar quantos brasileiros estão nessa condição. A definição é importante
porque são esses os brasileiros
que seriam o alvo de políticas de
erradicação da fome no país.
Ricardo Paes de Barros, por
exemplo, afirma que medir a indigência apenas indiretamente, pela
renda das famílias, pode levar a
conclusões erradas.
Para ele, a análise dos indicadores antropométricos (peso das
crianças, peso de recém-nascidos,
altura, índice de massa corporal)
mostra que brasileiros com renda
maior do que a definida como a
de linha de indigência são subnutridos e que um grupo de brasileiros que, pelo critério de renda, estariam abaixo da linha de pobreza
tem alimentação adequada.
Segundo os critérios do pesquisador, o Brasil tem 22 milhões de
indigentes e o custo para erradicar a fome é de R$ 5 bilhões
anuais. "Isso representa apenas
1% da renda das famílias e mostra
que é possível resolver o problema da fome no Brasil", afirma.
Marcelo Neri, da FGV-RJ, utiliza o critério de renda e estima o
número de pessoas abaixo da linha de indigência em 50 milhões.
Neri diz que é natural que haja diferenças entre as estimativas.
Seminário - "Combate à fome e à pobreza". Hoje, às 19h, no auditório da Folha (al. Barão de Limeira, 425, 9º andar).
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