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Justiça aceita denúncia contra 40 acusados de desvio no Detran-RS
Empresário tucano e ex-reitor estão entre os suspeitos de desviarem R$ 44 mi
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A Justiça Federal aceitou ontem a denúncia (acusação formal) contra 40 pessoas investigadas por fazer parte de uma
suposta quadrilha que desviou
R$ 44 milhões do Detran do
Rio Grande do Sul. Entre os que
viraram réus estão o empresário tucano Lair Ferst, o ex-reitor da UFSM (Universidade
Federal de Santa Maria) Paulo
Jorge Sarkis e dois ex-presidentes do órgão.
Segundo a denúncia, a fraude
foi operada por duas fundações
ligadas à UFSM, contratadas
pelo Detran sem licitação e a
preços superfaturados para fazer a avaliação dos candidatos a
motoristas entre os anos de
2003 e 2007. Essas fundações
subcontrataram empresas de
consultoria e tecnologia para
executar o serviço.
A Procuradoria afirma que se
tratava de uma organização criminosa, que muitas vezes recebia sem prestar os serviços. O
dinheiro do suposto desvio, segundo a denúncia, servia para
enriquecer os donos das empresas envolvidas e para pagar
propina a funcionários públicos. A fraude veio à tona em novembro no ano passado, quando a Polícia Federal deflagrou a
Operação Rodin, prendendo
temporariamente 13 pessoas.
O Ministério Público Federal
denunciou 44 pessoas. Mas a
juíza Simone Barbisan Fortes,
da 3ª Vara Federal de Santa
Maria, não viu indícios de crime na conduta de quatro pessoas -Ronaldo Etchechurry
Morales, que presidiu a Fatec,
uma das fundações citadas no
escândalo, e três pessoas apontadas como laranjas que figuravam como sócios dos familiares
de Ferst em duas empresas.
Os 40 réus serão interrogados entre 19 e 29 de novembro.
Entre os denunciados estão
pessoas ligadas a partidos políticos que integraram a base política do governo do peemedebista Germano Rigotto (2003-2006) e de sua sucessora, Yeda
Crusius (PSDB). No loteamento político dos cargos dos dois
governos, o comando do Detran coube ao PP. Agora réus,
os ex-presidentes Carlos Ubiratan dos Santos (2003-2006)
e Flávio Vaz Netto (2007) são
filiados ao partido.
Ferst, que já integrou o diretório estadual do PSDB, foi
apontado pela PF como o dono
de fato da Rio Del Sur Ltda. e da
Newmark Tecnologia, empresas que receberam juntas R$ 21
milhões do suposto esquema.
Ele responderá por seis crimes.
Dentre eles extorsão, peculato
e formação de quadrilha.
Outro núcleo do suposto desvio, diz a PF, era a Pensant Consultoria, dirigida por familiares
de José Antônio Fernandes,
acusado de cinco crimes. O ex-reitor da UFSM Paulo Sarkis
responderá por quatro crimes.
O porta-voz do governo gaúcho, Paulo Fona, disse que os
funcionários do Detran na gestão de Yeda Crusius já haviam
sido exonerados em 2007. "A
decisão da juíza vai ao encontro
das providências que a governadora adotou tão logo foi deflagrada a operação Rodin."
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