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Lula tenta blindar Dilma na CPI da Petrobras
Governo escolhe a dedo os 8 titulares da comissão para controlar todos os trabalhos; oposição teme investigação sobre era FHC
Para aprovar requerimentos é preciso ter 6 votos, mas a oposição só tem 3 cadeiras; Romero Jucá é o favorito do Planalto para ser o relator
FERNANDA ODILLA
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo escolheu a dedo os
integrantes da CPI da Petrobras para ter controle total do
trabalho da comissão, que começa oficialmente na próxima
terça-feira. A principal missão
dos oito titulares e cinco suplentes governistas será proteger dos ataques da oposição a
ministra Dilma Rousseff (Casa
Civil), escolhida de Lula como
pré-candidata à Presidência.
Além de blindar Dilma, que é
presidente do Conselho da Petrobras e mentora do atual modelo energético do país, os governistas querem dominar desde a análise de requerimentos
até vazamento de documentos.
Por isso, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva fez questão
de contar com os líderes do governo no Congresso, Ideli Salvatti (PT-SC), e no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), entre
os titulares. Os dois são cotados
para presidir e relatar a CPI,
respectivamente. Também são
opções João Pedro (PT-AM),
como presidente, e Paulo Duque (PMDB-RJ), como relator.
Pelo regimento, o presidente
é eleito pelos membros da CPI.
A seguir, ele nomeia o relator.
Para relator, Jucá é o favorito
do Planalto, que deseja diminuir o poder de influência de
Renan Calheiros (AL), líder do
PMDB, na comissão. Jucá não
se submeteria às ordens de Renan, acreditam os governistas.
"Sou Lula"
No fim da semana passada,
Renan ficou irritado com Jucá
por ele ter negociado sua presença na CPI com Aloizio Mercadante, líder do PT no Senado.
"Não sou Mercadante, não sou
Renan. Sou Lula", disse Jucá.
Até a semana que vem, Mercadante tenta definir a situação
do senador Inácio Arruda (PC
do B-CE). Inicialmente escalado como titular, Arruda precisou ser anunciado como suplente para não abrir mão da
relatoria da CPI das ONGs.
Apesar de ter sido nomeado
para defender os interesses da
Agência Nacional do Petróleo,
comandada hoje pelo PC do B,
Arruda terá um importante papel na CPI das ONGs.
A oposição se prepara para
usar a CPI das ONGs para tentar aprovar eventuais requerimentos de convocação e quebra de sigilo rejeitados na comissão da Petrobras. A estratégia funcionou no passado,
quando a CPI dos Bingos conseguiu emplacar pedidos vetados nas comissões dos Correios
e do Mensalão.
Para aprovar requerimentos
é preciso seis votos. Com três
senadores, a oposição sabe que
dificilmente conseguirá avançar nas investigações.
Por isso, o PSDB escalou Alvaro Dias (PSDB-PR), que ontem já partiu para o ataque dizendo que pretende compartilhar com o Ministério Público
todos os documentos e informações que receber.
O outro tucano titular é o
presidente nacional do PSDB,
senador Sérgio Guerra (PE),
que vai tentar evitar que se vasculhem contratos da época do
governo FHC.
Renan também escolheu homens de sua confiança para
compor a comissão, como Paulo Duque (RJ), que deve defender os interesses do governo do
Rio de Janeiro, e Almeida Lima
(SE). Entre os titulares do
PMDB, o mais fiel a Renan é
Leomar Quintanilha (TO).
Para não depender apenas do
PMDB, a oposição definiu ontem que é preciso fazer uma
ofensiva nos Estados. Deputados e senadores do DEM e do
PSDB vão aos eleitores para
contra-atacar o discurso do governo federal de que eles querem acabar com a Petrobras.
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