São Paulo, quinta, 28 de maio de 1998

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Governo só liberou 5,2%

LUCIO VAZ
da Sucursal de Brasília

O governo federal liberou nos três primeiros meses deste ano apenas 5,2% dos recursos previstos no Orçamento da União para obras hídricas no Nordeste. A Paraíba e o Rio Grande do Norte não receberam um único centavo.
Na entrevista coletiva de ontem, o presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ter destinado R$ 400 milhões para 52 obras prioritárias na região que estavam paralisadas. "Essas obras estão em marcha", disse.
O Ceará do governador Tasso Jereissati (PSDB) teve um tratamento privilegiado. Até 10 de abril, o Estado havia recebido R$ 32,9 milhões (29%) dos R$ 113,5 milhões previstos. Os nove Estados do Nordeste receberam R$ 48,7 milhões.
Só a barragem do Castanhão (CE), citada por FHC, recebeu R$ 9,2 milhões (30,8% do previsto).
O levantamento dos empenhos e liberações foi feito no Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira) pelo gabinete do deputado Humberto Costa (PT-PE). Os dados estão atualizados até 10 de abril.

Adutora
Na entrevista, FHC disse que esteve "duas ou três vezes" no Rio Grande do Norte "inaugurando adutoras do Estado". Citou como exemplo a adutora Sertão Central-Cabugi. "Fizemos, estamos fazendo", afirmou.
A primeira etapa da adutora foi inaugurada em março do ano passado. A obra deve ser concluída neste ano. O Orçamento da União previu R$ 1,2 milhão para a adutora.
Até 10 de abril, esse dinheiro não havia sido nem mesmo empenhado (reservado).
O presidente citou o canal de Curemas-Mãe D'Água, na Paraíba. Com 69% da obra executada, o canal deve ser concluído neste ano. O Orçamento previu R$ 18 milhões para a obra, mas os recursos não foram empenhados até 10 de abril.
FHC acrescentou: "Em Alagoas, fizemos paralelamente três adutoras. Muitas cidades que não tinham água no sertão passaram a ter". A conclusão da segunda etapa da adutora Pão de Açúcar está prevista para o próximo ano. A adutora do Alto Sertão deve ser concluída neste ano.
O Orçamento previu R$ 13,3 milhões para a adutora Pão de Açúcar. Foram empenhados R$ 9,3 milhões, mas nada foi liberado até 10 de abril. Para a adutora Alto Sertão foram previstos R$ 18,8 milhões. O governo empenhou R$ 11 milhões mas não liberou nada até 10 de abril.

Outro lado
O assessor de imprensa da Secretaria de Recursos Hídricos, Luiz Carlos Baeta, afirmou à Folha que houve atraso na liberação de recursos neste início de ano devido a "problemas burocráticos internos".
Baeta disse que as liberações vão "deslanchar" a partir de junho. O período coincide com o início da campanha para a reeleição do presidente FHC.
A Folha apurou que a pressão dos políticos sobre a Secretaria de Recursos Hídricos provocou atraso nas liberações. Cada parlamentar ou governador procura conseguir recursos para seu Estado.



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