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FHC E A SECA
Leia a seguir declarações do
presidente Fernando Henrique
Cardoso sobre a seca:
"Eu fui ministro da Fazenda,
como os srs. sabem, as sras.
também, e houve uma seca
muito forte em 93. Eu fui lá. Eu
fui no interior do Ceará, eu fui
no interior do Rio Grande do
Norte e aquilo me comoveu
profundamente. Me comoveu
profundamente porque primeiro a reação, a paisagem física, que é uma paisagem de tristeza Äeu ia dizer lunar, mas
não é lunar. Na lua há um contraste Äsuponho, nunca estive
láÄ, mas pelas fotografias de
claro e escuro. Existe uma certa
beleza. O cinzento da seca, as
árvores retorcidas, quando se
vê os açudes vazios, não é essa
a reação. A reação é de constrangimento, é de perceber
que, realmente, há uma adversidade quando se vê a população, sobretudo, como eu vi."
"Nós, naquela época, chamávamos de frente de trabalho, eu creio, Nós incentivamos as frentes de trabalho. Aí é
bastante desesperador, dilacerante mesmo, porque se vê que
são pessoas que se confundem
com aquela paisagem, já alcançadas pela seca e já naturalmente herdeiras de subnutrição, herdeiras de uma espécie
de atrofia que vem de séculos
de pobreza."
"Este ano já destinamos R$
400 milhões para essas obras
(contra a seca). E essas obras
estão em marcha. Sessenta por
cento delas terminadas. Eu
posso lhes dizer que não há Estado do Nordeste onde não haja uma obra importante do governo federal."
"(...) O nordestino quer dignidade, eu ouvi isso lá, eu conheço a regiãoÄ o nordestino
quer respeito a ele. Ele aceita
comida porque precisa, mas o
que ele quer é trabalho. Então,
na medida em que houver mais
trabalho, é natural também
que diminua a demanda por
cestas básicas. Então, estou
lhes avisando que, por favor, se
daqui a dois meses diminuir a
quantidade de cesta básica não
tomem isso como descaso, tomem como avanço, se for de
fato pela substituição através
de renda. Esse é o nosso objetivo de governo."
"Não é crédito não. No caso
das frentes produtivas, é transferência direta de recursos.
Crédito eu abri também: R$
450 milhões no Banco do Nordeste estão lá postos à disposição para que haja financiamento dos micros e pequenos
produtores das zonas atingidas
pela seca."
"(...) A seca vai se prolongar,
ela está apenas começando.
Não há atraso nessas organizações, tampouco porque elas estão apenas começando (...)
Mas eu acho que nós estamos
plenamente em condições de
quando a seca, realmente, chegar àqueles aspectos mais generalizados de dramaticidade
Äque é julho, agostoÄ de o
Brasil ter condições de dizer:
não vai morrer ninguém de fome aqui. Não haverá brasileiro
do Nordeste alcançado por esse flagelo que não vai ter a solidariedade do povo do Brasil e
do governo do Brasil."
"Ouvi muitas observações
por que o governo não agiu. Eu
quero lhes dizer com sinceridade o seguinte: no mês de outubro do ano passado, eu estive
reunido com especialistas em
matéria de Meteorologia, por
causa do El Niño. (...) Pois
bem, em outubro havia a previsão de problemas com o El
Niño. (...) E havia uma certa
probabilidade de seca no Nordeste. Em dezembro, os dados
eram outros. A probabilidade
diminuiu, provavelmente a seca seria uma seca limitada em
microrregiões. Só em março, já
na seca, é que foram refeitos os
cálculos. É claro que tem um
relatório em outubro que diz
uma coisa, mas tem outro em
dezembro que diz outra. Então, não houve descaso nessa
matéria. Houve, talvez, ajustamento de dados e nesse ajustamento não houve uma possibilidade de imaginar que viesse
com força a seca."
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