São Paulo, Sexta-feira, 28 de Maio de 1999
Próximo Texto | Índice

PAINEL

Rede de intrigas

No governo, suspeita-se que o grampo do BNDES tenha sido ""fogo amigo" (acidente de guerra no qual soldados são atacados pelos próprios companheiros). Além de um empresário interessado na privatização, aliados crêem no envolvimento de uma figura importante do 1º mandato que não teria voltado ao governo exatamente por esse motivo.

Ao pé do ouvido

Mendonção soube há cerca de seis meses que o grampo do BNDES era arapongagem tucano-oficial. De fonte primária.

Ladeira abaixo

Pesquisa CNT/Vox Populi: de abril para maio, caiu de 17% para 15% os que consideram ""positivo" o desempenho de FHC. De 35% para 30% os que o acham ""regular". Subiu de 46% para 51% o índice de ""ruim/péssimo". Detalhe: ela foi fechada antes de a Folha divulgar novas fitas do grampo no BNDES.

Partido de anjinhos

ACM adora quando os tucanos caem em suas armadilhas. Ataca Mendonção só para que o PSDB defenda seu vice-presidente e se envolva mais com o desgaste do grampo no BNDES.

Medo de investigar

A operação abafa do governo federal no caso do grampo no BNDES chegou à CPI da Telefônica, na Assembléia de São Paulo. A sessão de ontem foi esvaziada. E o pedido de quebra de sigilo dos envolvidos, engavetado pelo presidente da comissão, o tucano Édson Aparecido.

Compasso de espera

O PT joga as suas fichas na ação do Ministério Público federal do Rio no caso do grampo no BNDES. Avalia que só uma grande mobilização popular poderia forçar uma CPI, mas que ainda não há condições de consegui-la.

Missão impossível

Nem os tucanos gostaram da defesa que Pimenta da Veiga (Comunicações) fez de FHC a respeito da acusação de ter tomado partido no leilão das teles. Argumento: o ministro foi confuso e não convenceu ninguém.

Esticando a corda

Michel Temer (Câmara) não vai aceitar o pedido de impeachment de FHC apresentado pela oposição, mas jogou a decisão para a semana que vem a fim de valorizar seu gesto. Para mostrar ao PSDB que o governo depende do PMDB. E ainda fazer os tucanos sentir um frio na barriga.

DNA tucano

Pimenta da Veiga (Comunicações) é um dos maiores defensores da tese de uma reforma ministerial já no meio do ano.

Mercador de ilusões

Dornelles (Trabalho) mostrou que não conhece sua pasta ao comentar o desemprego recorde em SP (20%, segundo o Dieese). Disse esperar taxa de ""zero ou 2%" daqui a um ano. Nos EUA, a taxa de 4,2% é considerada pleno emprego por economistas.

Encurralado

O deputado federal Roberto Brant está deixando o PSDB por disputa de espaço em Minas. Vai para o PFL a fim de tentar sonhos mais altos, pois a área tucana está congestionada: Aécio Neves, Pimenta da Veiga e Eduardo Azeredo sonham com o governo do Estado no pleito de 2002.

Corpo fora

Explicação de tucanos para o fato de a Executiva do PSDB ter desistido de divulgar uma nota oficial defendendo FHC na reunião de ontem: 1) já havia feito isso na terça e 2) entende que o governo e não o partido é que está em julgamento no grampo do BNDES. Devem ter se esquecido que acabaram de pôr Mendonção na vice-presidência da sigla.

Tirando vantagem

Sentindo-se fortalecido com as dificuldades do governo, o PMDB pensa em retomar a discussão sobre o controle da aviação civil pela ANT, que, por acordo com a Aeronáutica, ficou com o Ministério da Defesa.

Relações perigosas

Romero Jucá (PSDB) entregou à CPI do Judiciário dossiê que compromete as intervenções da corregedoria do Tribunal de Justiça de São Paulo em cartórios. Há suspeitas de que eles são entregues a tabeliães bem relacionados com corregedores.

TIROTEIO

De Aécio Neves (PSDB-MG), sobre o novo pedido de impeachment (é o terceiro, este ano) de FHC, feito pela oposição:
- A sociedade não tomou conhecimento e até as bolsas subiram. Mostra que ninguém mais leva a sério a oposição no Brasil. Caiu no descrédito.

CONTRAPONTO

Professor Pardal
Na convenção do PSDB, realizada há duas semanas, o senador Arthur da Távola (RJ) ficou encarregado de falar sobre comunicação. O senador não mediu as palavras: criticou o fato de a comunicação do governo e do partido ser, frequentemente, de difícil entendimento para o público.
Nesse momento, ocorreu uma grande agitação na sala, invadida por uma multidão de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas. Era o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros fazendo sua entrada na convenção.
Os convencionais, é claro, ignoraram Távola e voltaram-se todos para a cena.
Quando o tumulto acabou, Jutahy Jr. (BA) devolveu a palavra a Távola:
- O senador Arthur da Távola é, senão a maior, uma das maiores cabeças do partido!
Resposta de Távola, que levou o auditório às gargalhadas:
- Agradeço o Jutahy Jr. pelo carinho com que acabou de me chamar de dolicocéfalo!


Próximo Texto: Oposição trata caso com "leviandade", afirma FHC
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.