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PRIVATIZAÇÃO
Avaliação é de setores dos serviços de inteligência das Forças Armadas
Temor de escândalo teria
levado governo ao grampo
da Sucursal de Brasília
O medo de ser
surpreendido
por informações
que pudessem
revelar, com antecedência, os
vencedores de
algum leilão da
Telebrás teria levado o governo a
mobilizar o serviço de inteligência
(Abin). As teles foram vendidas
por US$ 22 bilhões num negócio
batizado como o "maior leilão do
mundo".
O então ministro Sérgio Motta
(Comunicações), comandante de
todo o processo de privatização
das teles, teria alertado para o perigo de um "efeito Sivam" e sugerido
a ação do serviço de inteligência,
em um trabalho de contra-informação, para evitar que o governo
viesse a saber de algum escândalo
pela imprensa.
A Folha apurou que os serviços
de inteligência das Forças Armadas detectaram essa movimentação dos arapongas da Abin. Estranhamente, dois dos suspeitos de
envolvimento no grampo do
BNDES são um ex-cabo da Marinha (Adilson Mattos) e um ex-coronel da reserva da Aeronáutica
(Eudo Costa). O terceiro é Temílson Resende, o Telmo. Todos funcionários da Abin.
Ontem, o general Alberto Cardoso, chefe da Casa Militar da Presidência e responsável pelo serviço
de inteligência federal, negou que a
Abin tenha envolvimento com o
grampo feito na sede do BNDES.
"Se foi da área do nosso pessoal
-qualquer pessoa no Rio suspeita
de fazer grampo traz junto outras
10 ou 12-, garantidamente não é
institucional. Não saiu uma ordem
minha ou de algum dirigente da
subsecretaria dizendo: 'Vá lá, faça
um grampo". Até porque (esse ato)
é ilegal", afirmou Cardoso.
O general disse não ter, no entanto, como isentar de todo o seu pessoal do grampo. "Nenhum órgão
do mundo está livre de ter uma
pessoa dessas", afirmou.
A licitação do Sivam (Sistema de
Vigilância da Amazônia), no valor
de US$ 1,4 bilhão, transformou-se
em uma guerra comercial entre
uma empresa norte-americana
(Raytheon) e outra francesa
(Thomson) e virou palco de um escândalo, a partir também de um
grampo telefônico. Conversas entre um assessor do presidente e um
representante da Raytheon levantaram a suspeita de tráfico de influência por trás da escolha da empresa. O presidente só soube do
grampo pelo serviço de informações da Aeronáutica.
Ontem, o general Cardoso anunciou a contratação de dois advogados para mover processos contra
as pessoas (não identificadas) que
afirmaram que ele combinou termos de depoimento dado à Polícia
Federal para tentar livrar a subsecretaria no caso do grampo. "Não
vai bastar um desmentido. Alguém
tem de pagar por isso."
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