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MST saqueia
dois caminhões
em Minas
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Dois caminhões que transportavam alimentos foram saqueados na manhã de ontem em Machacalis (região do vale do Mucuri, no nordeste de Minas Gerais)
por integrantes do MST.
Foi a primeira ação deste tipo
praticada por sem-terra em Minas Gerais. De acordo com a Polícia Militar, o saque ocorreu depois que cerca de 50 trabalhadores rurais montaram uma barreira na estrada de terra que dá acesso ao município.
Por volta das 9h, os caminhões
com carregamentos das empresas
Atacadista Martins, de Uberlândia, e Hamapá Comércio de Cereais, de Teófilo Otoni, foram parados pelos sem-terra.
Ainda segundo a polícia, os dois
motoristas foram obrigados a dirigir até o acampamento da fazenda Esperança do Vale -invadida
no início de maio por cerca de 250
famílias ligadas ao MST- e descarregar no local as mercadorias.
Os dois motoristas, Cláudio Tavarez Soares, 32, e Antônio Pereira dos Santos, 50, afirmaram à PM
que os sem-terra estavam portanto armas de fogo e armas brancas.
A direção estadual do MST confirmou o saque, mas negou que
ele tenha sido feito por meio de
armas de fogo. "Lá é uma das regiões mais pobres do Estado. É
absurdo achar que eles teriam recursos para adquirir revólveres",
disse o dirigente estadual Brasilino Moreira da Silva, 34.
Segundo o dirigente do MST, o
saque foi motivado pelo fato de
que as famílias acampadas na fazenda, de 1.660 hectares, estariam
passando fome já que a região é
uma das mais pobres do Estado.
Silva disse que não há no acampamento sistema de arrecadação de
alimentos e que o movimento pede há várias semanas que o governo federal envie cestas de alimentação para o local.
Ao todo, foram saqueados cerca
de sete toneladas de arroz, feijão,
óleo, sal e açúcar, entre outros
produtos. As empresas donas dos
carregamentos calcularam em
cerca de R$ 8.000 o prejuízo.
O Destacamento da Polícia Militar de Machacalis informou que
fez buscas na estrada, depois de
ter recebido a informação da barreira montada pelos sem-terra,
mas não teria encontrado sinais
dos trabalhadores rurais.
Os policiais afirmaram que não
foram até o acampamento porque isso dependeria de ordem do
comando regional da corporação,
em Teófilo Otoni, autorização
que não chegou até o final da tarde de ontem.
(RANIER BRAGON)
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