São Paulo, quinta-feira, 28 de junho de 2001

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MST saqueia dois caminhões em Minas

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Dois caminhões que transportavam alimentos foram saqueados na manhã de ontem em Machacalis (região do vale do Mucuri, no nordeste de Minas Gerais) por integrantes do MST.
Foi a primeira ação deste tipo praticada por sem-terra em Minas Gerais. De acordo com a Polícia Militar, o saque ocorreu depois que cerca de 50 trabalhadores rurais montaram uma barreira na estrada de terra que dá acesso ao município.
Por volta das 9h, os caminhões com carregamentos das empresas Atacadista Martins, de Uberlândia, e Hamapá Comércio de Cereais, de Teófilo Otoni, foram parados pelos sem-terra.
Ainda segundo a polícia, os dois motoristas foram obrigados a dirigir até o acampamento da fazenda Esperança do Vale -invadida no início de maio por cerca de 250 famílias ligadas ao MST- e descarregar no local as mercadorias.
Os dois motoristas, Cláudio Tavarez Soares, 32, e Antônio Pereira dos Santos, 50, afirmaram à PM que os sem-terra estavam portanto armas de fogo e armas brancas.
A direção estadual do MST confirmou o saque, mas negou que ele tenha sido feito por meio de armas de fogo. "Lá é uma das regiões mais pobres do Estado. É absurdo achar que eles teriam recursos para adquirir revólveres", disse o dirigente estadual Brasilino Moreira da Silva, 34.
Segundo o dirigente do MST, o saque foi motivado pelo fato de que as famílias acampadas na fazenda, de 1.660 hectares, estariam passando fome já que a região é uma das mais pobres do Estado. Silva disse que não há no acampamento sistema de arrecadação de alimentos e que o movimento pede há várias semanas que o governo federal envie cestas de alimentação para o local.
Ao todo, foram saqueados cerca de sete toneladas de arroz, feijão, óleo, sal e açúcar, entre outros produtos. As empresas donas dos carregamentos calcularam em cerca de R$ 8.000 o prejuízo.
O Destacamento da Polícia Militar de Machacalis informou que fez buscas na estrada, depois de ter recebido a informação da barreira montada pelos sem-terra, mas não teria encontrado sinais dos trabalhadores rurais.
Os policiais afirmaram que não foram até o acampamento porque isso dependeria de ordem do comando regional da corporação, em Teófilo Otoni, autorização que não chegou até o final da tarde de ontem. (RANIER BRAGON)


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