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RECADO INTERNO
A vereadores, presidente diz estar "doido" para debater a Previdência
Lula diz ao PT que não deve ter "vergonha" das reformas
WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva disse ontem a cerca de mil
vereadores do PT, potenciais candidatos nas eleições do ano que
vem, que não precisam ter vergonha de defender as reformas.
Reafirmando o que dizia na
campanha, o presidente disse que
somente o seu governo pode fazer
as reformas.
"As reformas são necessárias.
Ninguém tem que ter vergonha
porque está fazendo a reforma.
Até porque não queremos tirar
direito de ninguém. Nós queremos aumentar o direito de quem
não tem, de quem está excluído."
O presidente afirmou que gostaria de debater pessoalmente a
reforma da Previdência. "Eu estou doido para debater a Previdência, mas o presidente não pode se meter em tudo. É porque estou vendo uns discursos contra
que eu adoraria participar dos debates. E, para mim, quanto mais
radical, melhor. Adoro", disse.
O presidente foi a estrela da solenidade de abertura do Encontro
Nacional dos Vereadores e Deputados Estaduais do PT, que reuniu
cerca de 1.600 pessoas em Brasília.
Discursou por 35 minutos.
Lula aproveitou a ocasião para
pedir aos servidores públicos que
continuem a contribuir com 11%
de seus salários para a Previdência depois que se aposentarem
-um dos itens mais polêmicos
da reforma previdenciária.
Argumentos
Durante o encontro, a direção
nacional do PT pretende convencer as bases do partido da necessidade das reformas e municiá-las
de argumentos para que defendam as reformas e o governo.
"Vamos ganhar as eleições defendendo as reformas e o governo. Queremos um vereador e um
deputado defendendo o governo
em cada Câmara Municipal e em
cada Assembléia Legislativa do
país", disse o presidente do partido, José Genoino.
A mesa do encontro foi formada pelos principais expoentes do
PT. Antes de Lula falar, um telão
mostrou cenas do discurso de
posse do presidente.
Lula começou afirmando que
iria cumprir não apenas o que
prometeu na campanha. "Vamos
cumprir as coisas em que nós
acreditamos, do jeito que é possível fazer. Sem pressa, sem afobamento e sem atabalhoamento",
afirmou ele, mais uma vez pedindo paciência.
Ao encerrar o discurso, disse a
todos: "Podem ficar certos, eu tenho as pernas curtas, mas os passos são largos".
Segundo Lula, em política é preciso ter cuidado. "Tem gente querendo que a gente acerte, mas tem
gente querendo que a gente erre.
E por isso a cautela, o controle psicológico."
Lula lembrou a falta de experiência dos petistas na época em
que o partido foi fundado e disse
que vem aprendendo a governar
desde 1982, quando o PT elegeu
seu primeiro prefeito, em Diadema (SP).
Falou sobre as limitações de um
prefeito, dando a entender que ele
também não pode fazer tudo que
quer. "A gente tem que dar tempo
às coisas que a gente quer fazer",
disse.
Citando nominalmente sete ministros petistas, disse que serão
melhores que seus antecessores:
"Essas dúvidas precisam sair da
cabeça de vocês."
Bichinhos
Lula voltou a dizer que não é
justo que um professor universitário se aposente com 53 anos enquanto um cortador de cana se
aposenta com 60. E afirmou que
não quer prejudicar juízes nem
nenhuma outra categoria.
"Não estamos diminuindo o salário de ninguém. Estamos apenas pedindo: "Companheiro,
quando você se aposentar, não
pegue aumento de salário". Porque, se o aposentado federal paga
11% [de contribuição previdenciária] quando está na ativa e,
quando ele sai, deixa de pagar e
recebe o salário integral, significa
que teve 11% de aumento. Então
nós estamos pedindo: "Companheiro, deixa esses 11% para que
teu filho ou teu neto amanhã tenha o direito de se aposentar".
Não estamos fazendo nenhum
mal. Não estamos querendo privatizar a Previdência."
Segundo Lula, o governo não
pode aceitar que uma minoria determine as condições de vida da
maioria.
"Eu quero que vocês, quando
voltarem para suas cidades, voltem de cabeça erguida dizendo:
"Olha, nós temos uns bichinhos
naquele governo que sabem o que
querem. E sabem como fazer as
coisas para dar certo'", pediu Lula, que foi interrompido por
aplausos diversas vezes.
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