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São Paulo, sábado, 28 de junho de 2003

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RECADO INTERNO

A vereadores, presidente diz estar "doido" para debater a Previdência

Lula diz ao PT que não deve ter "vergonha" das reformas

WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem a cerca de mil vereadores do PT, potenciais candidatos nas eleições do ano que vem, que não precisam ter vergonha de defender as reformas.
Reafirmando o que dizia na campanha, o presidente disse que somente o seu governo pode fazer as reformas.
"As reformas são necessárias. Ninguém tem que ter vergonha porque está fazendo a reforma. Até porque não queremos tirar direito de ninguém. Nós queremos aumentar o direito de quem não tem, de quem está excluído."
O presidente afirmou que gostaria de debater pessoalmente a reforma da Previdência. "Eu estou doido para debater a Previdência, mas o presidente não pode se meter em tudo. É porque estou vendo uns discursos contra que eu adoraria participar dos debates. E, para mim, quanto mais radical, melhor. Adoro", disse.
O presidente foi a estrela da solenidade de abertura do Encontro Nacional dos Vereadores e Deputados Estaduais do PT, que reuniu cerca de 1.600 pessoas em Brasília. Discursou por 35 minutos.
Lula aproveitou a ocasião para pedir aos servidores públicos que continuem a contribuir com 11% de seus salários para a Previdência depois que se aposentarem -um dos itens mais polêmicos da reforma previdenciária.

Argumentos
Durante o encontro, a direção nacional do PT pretende convencer as bases do partido da necessidade das reformas e municiá-las de argumentos para que defendam as reformas e o governo.
"Vamos ganhar as eleições defendendo as reformas e o governo. Queremos um vereador e um deputado defendendo o governo em cada Câmara Municipal e em cada Assembléia Legislativa do país", disse o presidente do partido, José Genoino.
A mesa do encontro foi formada pelos principais expoentes do PT. Antes de Lula falar, um telão mostrou cenas do discurso de posse do presidente.
Lula começou afirmando que iria cumprir não apenas o que prometeu na campanha. "Vamos cumprir as coisas em que nós acreditamos, do jeito que é possível fazer. Sem pressa, sem afobamento e sem atabalhoamento", afirmou ele, mais uma vez pedindo paciência.
Ao encerrar o discurso, disse a todos: "Podem ficar certos, eu tenho as pernas curtas, mas os passos são largos".
Segundo Lula, em política é preciso ter cuidado. "Tem gente querendo que a gente acerte, mas tem gente querendo que a gente erre. E por isso a cautela, o controle psicológico."
Lula lembrou a falta de experiência dos petistas na época em que o partido foi fundado e disse que vem aprendendo a governar desde 1982, quando o PT elegeu seu primeiro prefeito, em Diadema (SP).
Falou sobre as limitações de um prefeito, dando a entender que ele também não pode fazer tudo que quer. "A gente tem que dar tempo às coisas que a gente quer fazer", disse.
Citando nominalmente sete ministros petistas, disse que serão melhores que seus antecessores: "Essas dúvidas precisam sair da cabeça de vocês."

Bichinhos
Lula voltou a dizer que não é justo que um professor universitário se aposente com 53 anos enquanto um cortador de cana se aposenta com 60. E afirmou que não quer prejudicar juízes nem nenhuma outra categoria.
"Não estamos diminuindo o salário de ninguém. Estamos apenas pedindo: "Companheiro, quando você se aposentar, não pegue aumento de salário". Porque, se o aposentado federal paga 11% [de contribuição previdenciária] quando está na ativa e, quando ele sai, deixa de pagar e recebe o salário integral, significa que teve 11% de aumento. Então nós estamos pedindo: "Companheiro, deixa esses 11% para que teu filho ou teu neto amanhã tenha o direito de se aposentar". Não estamos fazendo nenhum mal. Não estamos querendo privatizar a Previdência."
Segundo Lula, o governo não pode aceitar que uma minoria determine as condições de vida da maioria.
"Eu quero que vocês, quando voltarem para suas cidades, voltem de cabeça erguida dizendo: "Olha, nós temos uns bichinhos naquele governo que sabem o que querem. E sabem como fazer as coisas para dar certo'", pediu Lula, que foi interrompido por aplausos diversas vezes.


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