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CONGRESSO
Na semana, foi a segunda vez em que a Câmara não teve sessão ordinária e o quarto revés do governo na Casa
Falta de quórum atrasa reformas de novo
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia depois de ter sofrido a
primeira derrota na tramitação da
reforma da Previdência no Congresso, o governo tropeçou mais
uma vez ontem e não conseguiu
assegurar a presença mínima de
deputados para a realização da
sessão ordinária da Câmara.
As reformas tributária e da Previdência têm a sua tramitação
contada pelo número de sessões
ordinárias do plenário da Câmara. Assim, a realização delas nas
segundas e nas sextas é essencial
para que não haja atraso no cronograma planejado pelo Planalto.
O revés é o quarto da semana
que o governo sofre no Congresso
e é sintomático da fragilidade pela
qual passa a articulação da base
aliada no Legislativo. Antes de as
sessões começarem a influir no
calendário das reformas, o ministro José Dirceu (Casa Civil) e os
principais líderes governistas
acertaram um esquema de revezamento para assegurar a presença mínima nas segundas e nas sextas -52 dos 513 deputados.
Mesmo assim, em três dias o esquema furou, o que levou a articulação governista no Congresso a novamente se fechar em reuniões para chamar a atenção dos
ausentes e evitar novos sustos.
Ontem, porém, 47 deputados
registraram presença no plenário,
cinco a menos que o necessário.
Dos partidos da base, o mais ausente foi o PTB -nenhum de
seus 48 deputados compareceu. O
mais presente, proporcionalmente, foi o PC do B -10 de seus 11
deputados foram. Dos 93 petistas,
só 15 registraram presença.
Mais reuniões
Diante do fato, a reação do governo foi marcar nova reunião.
"Vou voltar a falar com os líderes,
apontar onde estão as deficiências
e solicitar a eles que assegurem
nas suas bancadas a presença",
disse o deputado Aldo Rebelo (PC
do B-SP), líder do governo na Casa. Ele acrescentou não quer ser
"bedel de líder ou de deputado".
A tramitação das reformas na
comissão especial, onde está sendo discutido o mérito das propostas, já sofreu um atraso de uma semana. Segundo Rebelo, a não-realização das quatro sessões neste mês ainda não compromete os
atuais prazos.
O calendário que relaciona as
reformas à realização das sessões
é o seguinte: o prazo para entrega
de emendas não pode ser encerrado antes da realização de dez sessões ordinárias contadas a partir da instalação da comissão especial, que tem prazo de funcionamento de até 40 sessões. O limite para a entrega das emendas para a
proposta tributária esgotou-se
ontem. Para a previdenciária, vai
até a próxima sexta-feira.
"Precisamos encontrar um
meio de organização para que
não aconteça o que ocorreu hoje",
cobrou o ministro Ricardo Berzoini (Previdência) ontem na saída do encontro nacional dos vereadores e deputados estaduais
do PT, que contou com a participação de vários parlamentares
petistas que não registraram presença no plenário.
"Tenho que admitir que a base
aliada precisa de uma sintonia
mais fina. Falta um pouco mais de
cuidado. Isso ainda não atrapalha
o calendário, mas foi a terceira [na
verdade, a quarta] e espero que
seja a última", afirmou o deputado Professor Luizinho (PT-SP),
vice-líder do governo.
As outras derrotas governistas
nesta semana ocorreram na terça-feira, no Senado, com a rejeição
por 40 votos a 23 de uma indicação governista para a ANP (Agência Nacional do Petróleo), e anteontem, quando a oposição conseguiu aprovar na comissão especial da reforma da Previdência da
Câmara, por 15 a 14, um requerimento contrário ao governo.
Colaborou LUCIANA CONSTANTINO,
da Sucursal de Brasília
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