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Crise entre presidente da Infraero
e PTB já ameaça a base governista
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Cargos e dinheiro. Essa é a origem da crise que levou o PTB a
desfiliar o presidente da Infraero
(Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária), o ex-senador Carlos Wilson, e preocupa
o governo pelo reflexo que pode
ter na votação das reformas da
Previdência e tributária.
A crise no PTB está sendo administrada com cuidado pelo Planalto. O partido tem sido um dos
aliados mais fiéis nas votações do
Congresso. O grupo que comanda a sigla, em guerra com Wilson,
controla os votos de pelo menos
30 dos 48 deputados da bancada.
Apesar de o PTB afirmar que
Wilson não mais representa o
partido, o Planalto resolveu bancá-lo na presidência da Infraero.
Com um orçamento estimado
para 2003 de R$ 1,2 bilhão, a Infraero tornou-se objeto da cobiça
da classe política. O comando da
empresa foi entregue ao PTB nas
negociações que levaram a sigla a
integrar a base de sustentação política do governo no Congresso.
Só em obras previstas para os
aeroportos de Congonhas (SP),
Santos Dumont (RJ), Vitória (ES)
e Goiânia (GO), devem ser gastos
cerca de R$ 780 milhões.
Os problemas do ex-senador
com o partido começaram com o
loteamento dos cargos da empresa. Das três principais superintendências, Rio, Brasília e São Paulo,
a sigla só preencheu a do Rio, uma
indicação do líder Roberto Jefferson e do deputado Fernando
Gonçalves. As outras ficaram para
uma composição do PSDB com o
PMDB de Minas (Brasília) e para
o PT (São Paulo).
O PTB tem indicações para todo
o país, mas várias caíram na triagem do Planalto. Isso contribuiu
para acirrar os ânimos da cúpula
petebista com Wilson, mas a gota
d'água foi uma redução no valor
das licitações que diretores e superintendentes da Infraero estavam autorizados a fazer.
Até maio passado, a diretoria de
engenharia, superintendentes e
gerentes tinham autonomia para
licitar obras em valores que iam
de R$ 3 milhões a R$ 37,5 milhões.
Um superintendente regional,
cujo salário é de R$ 8.200, podia licitar até R$ 15 milhões. Um gerente de obra ou superintendente de
aeroporto, até R$ 3 milhões. Com
a mudança, esses valores foram
reduzidos substancialmente: a diretoria de engenharia, por exemplo, que podia licitar até R$ 37,5
milhões, teve esse valor limitado a
R$ 4,5 milhões.
Antes do PTB, Carlos Wilson
esteve no PDS, no PSDB, no PPS e
no PDT. A direção da sigla alegou
que ele já não participava das reuniões do partido, além de ter opiniões divergentes, para justificar
sua desfiliação, na quinta passada.
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