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São Paulo, sábado, 28 de junho de 2003

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MATO GROSSO

Desvios seriam de 6,3 mi

Promotoria investiga cheques da Assembléia

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

Uma investigação do Ministério Público Estadual aponta que cheques da Assembléia Legislativa de Mato Grosso foram emitidos para "laranjas" ou empresas inativas para desviar dinheiro público.
O promotor de Justiça Roberto Aparecido Turin, que atua no combate ao crime organizado no Estado, afirma que, da análise de R$ 7 milhões em cheques emitidos no ano de 2000, pelo menos R$ 6,3 milhões foram desviados por meio de "laranjas".
Os deputados José Riva e Humberto Bosaipo, ambos sem partido e respectivamente presidente e ex-presidente da Assembléia, são responsabilizados pelo esquema.
O lavrador Argemiro Ramos Borges, 44, que mora e trabalha em Bom Jesus (GO) desde 1978, aparece na relação de cheques como dono de comércios em Cuiabá (MT). Bosaipo e Riva emitiram um cheque de R$ 73 mil para pagar por mercadorias que Borges teria vendido.
Em outro caso, a caixa de supermercado Diana Perin Quintana, 22, aparece nas contas da Assembléia Legislativa como beneficiária de um cheque de R$ 44.120.
O dinheiro teria sido pago a empresa que Diana abriu apenas na Junta Comercial, pois nunca conseguiu montar a loja.
Em depoimento ao Ministério Público, Diana conta que entregou documentos da empresa a seu vizinho, o contador Joel Quirino Pereira. Ele é o servidor da Assembléia Legislativa acusado de cadastrar empresas inativas para emitir cheques.
A empresa Cláudia Moda Íntima, aberta por Maria Benedita Pereira da Paz, irmã de Quirino, era a destinatária de um cheque no valor de R$ 55 mil assinado por Riva e Bosaipo.
A loja também nunca funcionou. A empresa tinha outra finalidade na Junta Comercial. Intimada a depor no Ministério Público, Maria Benedita disse que somente fala em juízo. A reportagem não conseguiu encontrá-la.

Audiência
Convocados para depor ontem na Justiça Federal como testemunha de acusação em processo de lavagem de dinheiro movido contra João Arcanjo Ribeiro, os deputados Riva e Bosaipo não compareceram. Eles já tinham faltado a outra audiência no dia 20.
Os dois se beneficiaram ontem de uma decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região em Brasília que permitiu a eles escolher nova data.
O juiz federal Julier Sebastião da Silva, da 1ª Vara Federal em Cuiabá, determinou a quebra do sigilo bancário da Assembléia Legislativa para apurar crime de lavagem de dinheiro.
Riva e Bosaipo assinaram cheques de R$ 65.278.749,34 depositados na Confiança Factoring de Arcanjo. Preso em Montevidéu, no Uruguai, Arcanjo é acusado de comandar o crime organizado em Mato Grosso e de lavar dinheiro no Uruguai e nos Estados Unidos.


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