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MATO GROSSO
Desvios seriam de 6,3 mi
Promotoria investiga cheques da Assembléia
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
Uma investigação do Ministério
Público Estadual aponta que cheques da Assembléia Legislativa de
Mato Grosso foram emitidos para
"laranjas" ou empresas inativas
para desviar dinheiro público.
O promotor de Justiça Roberto
Aparecido Turin, que atua no
combate ao crime organizado no
Estado, afirma que, da análise de
R$ 7 milhões em cheques emitidos no ano de 2000, pelo menos
R$ 6,3 milhões foram desviados
por meio de "laranjas".
Os deputados José Riva e Humberto Bosaipo, ambos sem partido e respectivamente presidente e
ex-presidente da Assembléia, são
responsabilizados pelo esquema.
O lavrador Argemiro Ramos
Borges, 44, que mora e trabalha
em Bom Jesus (GO) desde 1978,
aparece na relação de cheques como dono de comércios em Cuiabá (MT). Bosaipo e Riva emitiram
um cheque de R$ 73 mil para pagar por mercadorias que Borges
teria vendido.
Em outro caso, a caixa de supermercado Diana Perin Quintana,
22, aparece nas contas da Assembléia Legislativa como beneficiária de um cheque de R$ 44.120.
O dinheiro teria sido pago a empresa que Diana abriu apenas na
Junta Comercial, pois nunca conseguiu montar a loja.
Em depoimento ao Ministério
Público, Diana conta que entregou documentos da empresa a
seu vizinho, o contador Joel Quirino Pereira. Ele é o servidor da
Assembléia Legislativa acusado
de cadastrar empresas inativas
para emitir cheques.
A empresa Cláudia Moda Íntima, aberta por Maria Benedita
Pereira da Paz, irmã de Quirino,
era a destinatária de um cheque
no valor de R$ 55 mil assinado
por Riva e Bosaipo.
A loja também nunca funcionou. A empresa tinha outra finalidade na Junta Comercial. Intimada a depor no Ministério Público,
Maria Benedita disse que somente fala em juízo. A reportagem
não conseguiu encontrá-la.
Audiência
Convocados para depor ontem
na Justiça Federal como testemunha de acusação em processo de
lavagem de dinheiro movido contra João Arcanjo Ribeiro, os deputados Riva e Bosaipo não compareceram. Eles já tinham faltado a
outra audiência no dia 20.
Os dois se beneficiaram ontem
de uma decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região em
Brasília que permitiu a eles escolher nova data.
O juiz federal Julier Sebastião da
Silva, da 1ª Vara Federal em Cuiabá, determinou a quebra do sigilo
bancário da Assembléia Legislativa para apurar crime de lavagem
de dinheiro.
Riva e Bosaipo assinaram cheques de R$ 65.278.749,34 depositados na Confiança Factoring de
Arcanjo. Preso em Montevidéu,
no Uruguai, Arcanjo é acusado de
comandar o crime organizado em
Mato Grosso e de lavar dinheiro
no Uruguai e nos Estados Unidos.
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