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São Paulo, sábado, 28 de junho de 2003

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PT X PT

Comissão de Ética do partido ouve até amanhã testemunhas de defesa e acusação de Babá, Luciana Genro e Heloísa Helena

PT leva hoje seus radicais a julgamento

JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Comissão de Ética do PT realiza hoje a primeira audiência para analisar a situação dos radicais do partido. A definição sobre a eventual expulsão dos parlamentares caberá, entretanto, à instância política máxima da legenda, o Diretório Nacional, que deve se reunir apenas em setembro.
Entre hoje e amanhã serão ouvidas na sede do diretório, em São Paulo, as testemunhas de defesa e acusação dos deputados federais João Batista de Oliveira Araújo, o Babá (PA), e Luciana Genro (RS) e da senadora Heloísa Helena (AL). A comissão irá analisar se os parlamentares cometeram "atos de oposição" ao governo e ao próprio partido durante manifestações públicas contra as reformas.
O processo de expulsão dos radicais foi iniciado com uma representação feita pelo secretário nacional de Organização do partido, Sílvio Pereira, ligado ao ministro José Dirceu (Casa Civil), que é apontado pelos parlamentares como o principal articulador da saída deles do partido.
Hoje serão ouvidas as testemunhas de acusação, entre elas, os deputados integrantes da articulação governista Paulo Bernardo (PR) e Paulo Pimenta (RS). Amanhã será a vez das testemunhas de defesa, como os sociólogos Francisco de Oliveira e Emir Sader e os advogados Dalmo Dallari e Plínio de Arruda Sampaio. O senador Eduardo Suplicy (SP) disse que prestará "solidariedade" a Heloísa Helena depondo a seu favor, apesar de defender as reformas.
Com base no parecer da comissão, o Diretório Nacional decidirá pela expulsão ou não dos radicais. A reunião que analisará o caso foi adiada para setembro a fim de esperar a votação das reformas nas comissões da Câmara. Se os parlamentares recuarem e votarem a favor, os diretório deverá aplicar uma pena leve. Caso insistam em votar contra o governo, o quadro provável é a expulsão.
"A decisão final do diretório é política. Todo processo é político, não ético", disse Luciana Genro.
Segundo o presidente da comissão, Danilo Camargo, serão analisados apenas os ataques ao governo e ao partido e não as opiniões sobre o conteúdo das reformas.
"A comissão não analisará o direito de opinião, mas o eventual rompimento partidário", afirmou Camargo, que é secretário de Finanças do PT paulista. "Acho que o momento agora é de ouvir", disse Vanilda Aparecida Alves (GO), outra integrante do grupo.
A Folha ouviu quatro dos cinco integrantes da comissão. Para a maioria, a situação da senadora Heloísa Helena é diferente da dos outros parlamentares devido à ligação histórica com o partido.
O processo disciplinar contra o deputado João Fontes (SE), que divulgou fita de discurso antigo de Lula contradizendo suas idéias atuais, foi submetido diretamente ao Diretório Nacional porque a cúpula do partido entendeu que a ação foi um ato "flagrante" contra o partido e o presidente.

Composição
Três dos integrantes da comissão fazem parte de tendências alinhadas ao governo. Camargo é da Democracia Radical, a mesma de José Genoino, presidente do PT. Vanilda e Luiz Turco, da Articulação, que faz parte do Campo Majoritário do partido.
A tendência de Heloísa Helena, a Democracia Socialista, tem um representante na comissão, Newton Gomes Júnior, que trabalha no Planalto como Secretário de Programas de Combate à Fome.
O único voto praticamente certo a favor dos radicais deve ser o de Lígia Mendonça (PR), da corrente Articulação de Esquerda.


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