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PT X PT
Comissão de Ética do partido ouve até amanhã testemunhas de defesa e acusação de Babá, Luciana Genro e Heloísa Helena
PT leva hoje seus radicais a julgamento
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Comissão de Ética do PT realiza hoje a primeira audiência para analisar a situação dos radicais
do partido. A definição sobre a
eventual expulsão dos parlamentares caberá, entretanto, à instância política máxima da legenda, o
Diretório Nacional, que deve se
reunir apenas em setembro.
Entre hoje e amanhã serão ouvidas na sede do diretório, em São
Paulo, as testemunhas de defesa e
acusação dos deputados federais
João Batista de Oliveira Araújo, o
Babá (PA), e Luciana Genro (RS)
e da senadora Heloísa Helena
(AL). A comissão irá analisar se os
parlamentares cometeram "atos
de oposição" ao governo e ao próprio partido durante manifestações públicas contra as reformas.
O processo de expulsão dos radicais foi iniciado com uma representação feita pelo secretário
nacional de Organização do partido, Sílvio Pereira, ligado ao ministro José Dirceu (Casa Civil), que é
apontado pelos parlamentares
como o principal articulador da
saída deles do partido.
Hoje serão ouvidas as testemunhas de acusação, entre elas, os
deputados integrantes da articulação governista Paulo Bernardo
(PR) e Paulo Pimenta (RS). Amanhã será a vez das testemunhas de
defesa, como os sociólogos Francisco de Oliveira e Emir Sader e os
advogados Dalmo Dallari e Plínio
de Arruda Sampaio. O senador
Eduardo Suplicy (SP) disse que
prestará "solidariedade" a Heloísa Helena depondo a seu favor,
apesar de defender as reformas.
Com base no parecer da comissão, o Diretório Nacional decidirá
pela expulsão ou não dos radicais.
A reunião que analisará o caso foi
adiada para setembro a fim de esperar a votação das reformas nas
comissões da Câmara. Se os parlamentares recuarem e votarem a
favor, os diretório deverá aplicar
uma pena leve. Caso insistam em
votar contra o governo, o quadro
provável é a expulsão.
"A decisão final do diretório é
política. Todo processo é político,
não ético", disse Luciana Genro.
Segundo o presidente da comissão, Danilo Camargo, serão analisados apenas os ataques ao governo e ao partido e não as opiniões
sobre o conteúdo das reformas.
"A comissão não analisará o direito de opinião, mas o eventual
rompimento partidário", afirmou
Camargo, que é secretário de Finanças do PT paulista. "Acho que
o momento agora é de ouvir", disse Vanilda Aparecida Alves (GO),
outra integrante do grupo.
A Folha ouviu quatro dos cinco
integrantes da comissão. Para a
maioria, a situação da senadora
Heloísa Helena é diferente da dos
outros parlamentares devido à ligação histórica com o partido.
O processo disciplinar contra o
deputado João Fontes (SE), que
divulgou fita de discurso antigo
de Lula contradizendo suas idéias
atuais, foi submetido diretamente
ao Diretório Nacional porque a
cúpula do partido entendeu que a
ação foi um ato "flagrante" contra
o partido e o presidente.
Composição
Três dos integrantes da comissão fazem parte de tendências alinhadas ao governo. Camargo é da
Democracia Radical, a mesma de
José Genoino, presidente do PT.
Vanilda e Luiz Turco, da Articulação, que faz parte do Campo Majoritário do partido.
A tendência de Heloísa Helena,
a Democracia Socialista, tem um
representante na comissão, Newton Gomes Júnior, que trabalha
no Planalto como Secretário de
Programas de Combate à Fome.
O único voto praticamente certo a favor dos radicais deve ser o
de Lígia Mendonça (PR), da corrente Articulação de Esquerda.
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