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PRIVATIZAÇÃO
Itaú não quer comprar outros bancos por enquanto, mas analisará proposta do Banespa "na hora certa"
Banerj está sujeito a ajustes, diz Setubal
SILVANA QUAGLIO
da Reportagem Local
Os cerca de 6.000 funcionários
do Banerj (Banco do Estado do Rio
de Janeiro) não correm o risco de
uma demissão em massa.
O presidente do banco Itaú, Roberto Setubal, afastou ontem essa
possibilidade. Em entrevista à Folha, Setubal ressaltou, entretanto,
que, como todos os bancos brasileiros, o Banerj está sujeito a ajustes, mas "nada radical".
O Itaú, segundo Setubal, fez um
"bom negócio". Gastou cerca de
R$ 160 milhões para comprar um
banco, cujo preço mínimo era de
R$ 310 milhões.
"Qualquer um poderia comprar, mas só o Itaú quis", disse Setubal. O Banerj foi o primeiro banco estatal privatizado.
Segundo Setubal, o Itaú não deve
comprar outros bancos por enquanto, mas ele não descarta a
possibilidade de comprar o Banespa. "Vamos analisar no momento
oportuno." Leia entrevista:
Folha - Todo mundo diz que banco estatal é ineficiente, dá prejuízo
e por aí vai. Qual a vantagem de
comprar um banco estatal?
Roberto Setubal - Para quem
tem estrutura, absorver um desses
bancos pode ser um bom negócio.
O Itaú tem longa tradição nesse
processo de absorver outras instituições. Não será nada traumático.
Folha - O sr. gastou R$ 160 milhões para comprar um banco que
valia, no mínimo, R$ 310 milhões.
Foi um negócio da China?
Setubal - Do ponto de vista financeiro, foi um bom negócio.
Mas tivemos que administrar muitas complicações. É um negócio
que envolve risco. Além de envolver uma transição de instituição
estatal para privada, o que nunca
foi feito antes.
Folha - Quais os complicadores?
Setubal - Um banco estatal, como qualquer estatal, tem de passar
por processo de adaptação ao novo negócio. Mas há no Banerj muitos funcionários capacitados. Deve ter muita gente com vontade de
trabalhar e de crescer. O Itaú é um
grupo grande e oferece boas oportunidades para quem quer crescer.
Folha - O sr. não ficou surpreso
com a falta de interessados?
Setubal - Aconteceu mais ou
menos o que a gente já esperava. O
banco tem um passivo muito
grande. Se não fosse isso, haveria
mais interessados.
Folha - O sr. estava preparado
para pagar mais?
Setubal - Um pouco a mais ...
Folha - Quanto?
Setubal - Isso eu prefiro não revelar.
Folha - Não há dúvida que para o
comprador, a possibilidade de pagar com títulos públicos é ótima,
mas para o Estado ... O sr. não teme críticas a esse processo?
Setubal - Tudo isso faz parte do
preço. Pelos riscos envolvidos no
negócio, esse é um prêmio.
Folha - Que riscos?
Setubal - No processo todo de
compra. Dificuldades em torno de
passivos que montam a R$ 3 bilhões. Encontramos uma saída satisfatória (referindo-se aos fundos
montados pelo Estado com dinheiro emprestado da União para
pagar passivo trabalhista).
Folha - Se não pudesse pagar
com títulos, o Itaú não compraria o
Banerj?
Setubal - Poderia nem comprar.
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