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Presidente almoça com Ernesto Zedillo e Gerhard Schroeder e vê claro
interesse dos países do Mercosul e do bloco europeu em chegar a um
entendimento para a liberalização do fluxo comercial entre os blocos
Para FHC, acordo com UE não impede Alca
Patrícia Santos / Folha Imagem
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FHC durante declaração dada ontem na Gávea Pequena |
AUGUSTO GAZIR
enviado especial ao Rio de Janeiro
O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que
os entendimentos entre a América
Latina e a União Européia, durante
a cúpula do Rio, não serão feitos
"em detrimento" do processo de
negociação com a Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Segundo FHC, os ministros latino-americanos e europeus vão
continuar as negociações depois
da cúpula. "De tal maneira que, na
Rodada do Milênio, no fim deste
ano, nós possamos levar adiante
algumas idéias sobre a liberalização dos fluxos de comércio."
"Nada do que é feito aqui (durante a Cúpula do Rio) é em detrimento de outros compromissos
que nossos países têm na questão
hemisférica, notadamente na Alca,
no momento em que for possível
discutir mais em profundidade a
Alca", disse FHC, em pronunciamento à imprensa.
"Não se trata de uma relação com
a Europa em detrimento de uma
relação com os países que estão ligados ao Nafta (bloco comercial
composto por EUA, México e Canadá)", completou.
Almoço
O presidente fez as declarações
depois de almoço com o primeiro-ministro da Alemanha, Gerhard
Schroeder, e com o presidente do
México, Ernesto Zedillo, na Gávea
Pequena, residência oficial do prefeito do Rio de Janeiro.
Zedillo e FHC presidem a Cúpula
do Rio. Schroeder representou no
almoço de trabalho os países da
União Européia.
Fernando Henrique Cardoso
afirmou que o almoço "se concentrou no prosseguimento dos entendimentos políticos, financeiros
e comerciais entre o Mercosul e a
União Européia e entre a América
Latina e a Europa".
Para ele, "ficou claro" o interesse
dos países nas negociações para a
liberalização dos mercados entre
os dois continentes.
FHC anunciou que "é provável
que daqui a algum tempo" haja
uma nova cúpula entre a Europa e
a América Latina. "Talvez a Espanha seja a patrocinadora do encontro."
O presidente frisou que o processo com a União Européia tem de
seguir o exemplo e o "espírito" do
processo com a Alca.
"Vamos discutir tudo como um
só bloco. Não vamos excluir nenhum tema da discussão, quando
for de natureza comercial e econômica", disse.
"Vamos buscar um consenso
global", completou. Para o presidente, a discussão "fatiada" pode
resultar em "grupos de pressão", o
que dificultaria "o atendimento
das aspirações legítimas dos países
em desenvolvimento".
Política
O presidente também cobrou
durante o almoço a participação
ativa e imediata da América Latina
na "reorganização das esferas de
poder e decisão no mundo".
"Isso alcança a nova arquitetura
financeira mundial e os mecanismos de segurança e paz", disse
FHC. De acordo com ele, os líderes
da Europa concordam com a reivindicação. O tema será debatido a
partir de hoje no Rio.
Outro tema debatido durante o
almoço, segundo o porta-voz do
governo alemão, Bela Anda, foram
as propostas da chamada "Terceira Via", teoria que conjuga liberalização de mercados e preocupação com políticas sociais.
FHC e Schroeder decidiram levar
as propostas aos países que não
aderiram a elas. O porta-voz Bela
Anda afirmou que o primeiro-ministro alemão ficou satisfeito com
o encontro.
Fernando Henrique Cardoso se
disse feliz pela presença dos chefes
de Estado no Rio de Janeiro e pelos
"prenúncios positivos" da cúpula
do Rio. Ele agradeceu a receptividade da cidade.
Colaborou Fernanda da Escóssia, da Sucursal
do Rio.
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