São Paulo, Segunda-feira, 28 de Junho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Presidente almoça com Ernesto Zedillo e Gerhard Schroeder e vê claro interesse dos países do Mercosul e do bloco europeu em chegar a um entendimento para a liberalização do fluxo comercial entre os blocos

Para FHC, acordo com UE não impede Alca
Patrícia Santos / Folha Imagem
FHC durante declaração dada ontem na Gávea Pequena


AUGUSTO GAZIR
enviado especial ao Rio de Janeiro

O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que os entendimentos entre a América Latina e a União Européia, durante a cúpula do Rio, não serão feitos "em detrimento" do processo de negociação com a Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Segundo FHC, os ministros latino-americanos e europeus vão continuar as negociações depois da cúpula. "De tal maneira que, na Rodada do Milênio, no fim deste ano, nós possamos levar adiante algumas idéias sobre a liberalização dos fluxos de comércio."
"Nada do que é feito aqui (durante a Cúpula do Rio) é em detrimento de outros compromissos que nossos países têm na questão hemisférica, notadamente na Alca, no momento em que for possível discutir mais em profundidade a Alca", disse FHC, em pronunciamento à imprensa.
"Não se trata de uma relação com a Europa em detrimento de uma relação com os países que estão ligados ao Nafta (bloco comercial composto por EUA, México e Canadá)", completou.

Almoço
O presidente fez as declarações depois de almoço com o primeiro-ministro da Alemanha, Gerhard Schroeder, e com o presidente do México, Ernesto Zedillo, na Gávea Pequena, residência oficial do prefeito do Rio de Janeiro.
Zedillo e FHC presidem a Cúpula do Rio. Schroeder representou no almoço de trabalho os países da União Européia.
Fernando Henrique Cardoso afirmou que o almoço "se concentrou no prosseguimento dos entendimentos políticos, financeiros e comerciais entre o Mercosul e a União Européia e entre a América Latina e a Europa".
Para ele, "ficou claro" o interesse dos países nas negociações para a liberalização dos mercados entre os dois continentes.
FHC anunciou que "é provável que daqui a algum tempo" haja uma nova cúpula entre a Europa e a América Latina. "Talvez a Espanha seja a patrocinadora do encontro."
O presidente frisou que o processo com a União Européia tem de seguir o exemplo e o "espírito" do processo com a Alca.
"Vamos discutir tudo como um só bloco. Não vamos excluir nenhum tema da discussão, quando for de natureza comercial e econômica", disse.
"Vamos buscar um consenso global", completou. Para o presidente, a discussão "fatiada" pode resultar em "grupos de pressão", o que dificultaria "o atendimento das aspirações legítimas dos países em desenvolvimento".

Política
O presidente também cobrou durante o almoço a participação ativa e imediata da América Latina na "reorganização das esferas de poder e decisão no mundo".
"Isso alcança a nova arquitetura financeira mundial e os mecanismos de segurança e paz", disse FHC. De acordo com ele, os líderes da Europa concordam com a reivindicação. O tema será debatido a partir de hoje no Rio.
Outro tema debatido durante o almoço, segundo o porta-voz do governo alemão, Bela Anda, foram as propostas da chamada "Terceira Via", teoria que conjuga liberalização de mercados e preocupação com políticas sociais.
FHC e Schroeder decidiram levar as propostas aos países que não aderiram a elas. O porta-voz Bela Anda afirmou que o primeiro-ministro alemão ficou satisfeito com o encontro.
Fernando Henrique Cardoso se disse feliz pela presença dos chefes de Estado no Rio de Janeiro e pelos "prenúncios positivos" da cúpula do Rio. Ele agradeceu a receptividade da cidade.


Colaborou Fernanda da Escóssia, da Sucursal do Rio.


Texto Anterior: "Ele vive do que não tem", diz senador
Próximo Texto: Entidades fazem passeata na orla
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.