São Paulo, quarta-feira, 28 de julho de 2004

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Espionagem é "mais um episódio de privataria" de FHC, afirma Ciro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Ciro Gomes (Integração Nacional) afirmou ontem que o caso envolvendo a espionagem de integrantes do primeiro escalão do governo federal tem de ser remetido aos processos de privatização do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Ele disse ainda que o governo federal é vulnerável em relação às empresas de espionagem.
"É só um episódio a mais de privataria que caracterizou os processos de privatização do FHC", disse Ciro, no Palácio do Planalto, depois de participar de audiência pública que tratou do processo de pavimentação da BR-163 (Cuiabá-Santarém).
Para o senador Álvaro Dias (PR), vice-líder do PSDB na Casa, o comportamento de Ciro Gomes não contribui para o esclarecimento do fato. "Essa é uma forma confortável de deslocar o foco das investigações. O que eu não entendo é essa fixação contra o governo Fernando Henrique."
Reportagem da semana passada da Folha revelou que, sob encomenda da Brasil Telecom, a empresa de investigação Kroll Associates espionou os e-mails do ministro Luiz Gushiken (Secretaria de Comunicação e Gestão Estratégica) antes de ele tomar posse no governo, em janeiro de 2003.
O objetivo formal da Brasil Telecom (controlada pelo banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity) era investigar a Telecom Italia -as empresas protagonizam uma batalha judicial. Mas a investigação da Kroll resvalou tanto em Gushiken como no presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, que teve monitorados seus encontros com executivos da Telecom Italia. O governo federal decidiu processar tanto a Kroll como a Brasil Telecom.
"O que aconteceu foi ilegal, abusivo e tem de ser coibido", disse o ministro. Questionado, em seguida, se teme estar sendo investigado, afirmou: "Eu não tenho medo, pois não tenho nada a esconder". E, sobre a suposta vulnerabilidade do governo em relação a ações de empresas de espionagem, disse: "Não há segurança nenhuma".

Ofício
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse ontem que enviou um ofício à Polícia Federal solicitando informações sobre a espionagem do ministro Gushiken pela Kroll.
Os dados obtidos pela PF serão repassados a Gushiken, que decidirá se processa ou não a empresa. "O ministro Gushiken poderá entrar com uma ação de dano moral. Ele vai escolher o caminho", disse Thomaz Bastos.


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