São Paulo, Quarta-feira, 28 de Julho de 1999
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RENÚNCIA FISCAL
Trabalhadores fazem hoje manifestação em São Paulo
Covas, CUT e Força pedem manutenção de empregos

LÉO GERCHMANN
em São Paulo

O governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), divulgou ontem, com a CUT e a Força Sindical, documento pedindo a inclusão de cláusulas sociais na medida provisória que concede benefícios fiscais para empresas automotivas no Nordeste, Norte e Centro-Oeste. O texto será entregue ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
Participaram da divulgação, também, os senadores Eduardo Suplicy (PT) e Pedro Piva (PSDB).
Além da manutenção de empregos, o documento pede um índice de nacionalização mínimo para componentes e peças (85%) e limites para financiamentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) a empresas estrangeiras.
Covas definiu o movimento grevista dos metalúrgicos como uma forma "legítima" de proteção ao emprego e disse que os incentivos da União à Ford para a instalação de uma fábrica na Bahia agravam a "guerra fiscal".
Os metalúrgicos farão hoje uma caminhada entre a fábrica de caminhões do Ipiranga e a Receita Federal, das 8h às 10h, quando haverá uma manifestação na qual são esperadas mais de 10 mil pessoas. Alguns operários já estão acampados no local.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, ligado à Força Sindical, pretende também paralisar hoje cerca de 8.000 trabalhadores do setor de autopeças. Os sindicatos de São Bernardo e Taubaté, que são filiados à CUT, colocaram seus filiados em "estado de alerta" para aderir à greve em duas hipóteses: se, em reunião marcada para amanhã, às 14h, os dirigentes da Ford não acenarem com a possibilidade de um compromisso por escrito para a manutenção dos empregos e se não houver a inclusão da cláusula social na MP.
Ontem, houve, também, uma reunião entre os metalúrgicos e o presidente da Ford, Antônio Maciel Neto. Questionado se poderia rever a instalação da montadora na Bahia caso seja incluída a cláusula social à medida provisória, ele afirmou: "O Congresso é que vai decidir se quer criar um novo pólo de investimentos".
Para os metalúrgicos, que pediram um ano de garantia de emprego a partir da transferência da fábrica do Ipiranga e o apoio às cláusulas sociais, Maciel apresentou projeções de crescimento da empresa e garantiu que não fechará a fábrica paulista de carros.
Fez, porém, uma ressalva. "Nenhuma produção é feita eternamente em um lugar determinado. Depende do mercado", disse.


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