São Paulo, Quarta-feira, 28 de Julho de 1999
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PRIVATIZAÇÃO
SP consegue cassar liminares que impediam leilão da empresa; preço mínimo é de R$ 651,5 mi
Paranapanema tem 4 pretendentes

CLÁUDIA TREVISAN
da Reportagem Local

Duas empresas norte-americanas, uma brasileira e uma belga depositaram garantias ontem para participar do leilão da Companhia de Geração de Energia Elétrica Paranapanema, a primeira empresa geradora de energia de São Paulo a ser privatizada.
Das quatro concorrentes, apenas a norte-americana Duke não tem negócios no país. A outra empresa dos Estados Unidos, a AES, é dona de uma das distribuidoras de energia do Rio Grande do Sul e é sócia da Light e da Eletropaulo Metropolitana.
A belga Tractebel comprou no ano passado, por R$ 945,7 milhões, o controle da Gerasul, a primeira geradora de energia privatizada no país.
O concorrente nacional é o VBC, consórcio criado pelas empresas Votorantim, Bradesco e Camargo Corrêa para atuar na área energética -entre outros negócios, é dono da CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz) e detém o controle de outra distribuidora de energia gaúcha.

Liminares
O governo paulista conseguiu cassar ontem no Tribunal Regional Federal as duas liminares que impediam a realização do leilão. Se nenhuma nova liminar for concedida, a privatização será realizada às 9h na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo).
O secretário de Energia, Mauro Arce, acredita que o ágio será superior a 50% caso as quatro empresas participem do leilão. "Poderá haver composição entre elas nas horas que antecedem a privatização", observou Arce.
A Paranapanema é 1 das 3 empresas geradoras de energia que resultaram da cisão da Cesp. As duas restantes deverão ser privatizadas até o final do ano.
A empresa ficou com 8 das 23 usinas da Cesp e tem capacidade instalada para geração de 2.307 MW (de um total de 12,5 mil MW, se forem consideradas todas a usinas que pertenciam à Cesp).
O governo fixou o preço mínimo da Paranapanema em R$ 651,5 milhões. O vencedor do leilão terá de pagar mais R$ 21,1 milhões, referentes ao desconto que será dado aos funcionários da empresa na compra de ações.
No leilão, serão vendidos 38,66% do capital da estatal. Desse percentual, 36,92% são ações ordinárias e 1,74%, preferenciais. O número de ações ordinárias corresponde a 71,27% do capital votante da empresa -que determina o controle acionário.
O Sinergia (Sindicato dos Energéticos do Estado de São Paulo) realizará manifestação contra a venda na frente da Bovespa. "Privatizar uma hidrelétrica significa correr o risco de perder o controle sobre as águas", diz Amarildo Dudu Bolito, diretor da entidade.


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