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NO AR
Em campanha
NELSON DE SÁ
da Reportagem Local
Mário Covas nunca apareceu tanto nas Globos.
Desde o Bom Dia Brasil, esteve nos telejornais estaduais e
nacionais e na Globo News o
dia todo.
Por vezes, num mesmo programa, entrou falando sobre
mais de um assunto. Falou sobre a Ford, é claro:
- Em se tratando de favor
fiscal, nada mais lógico que,
em contrapartida, a empresa
garanta o seu investimento inicial feito noutro Estado. E, portanto, garanta os empregos.
Falou sobre a Febem, de um
ou outro funcionário que se
provar relapso:
- Vai para o olho da rua!
Falou até sobre a ocupação
da cidade de Anhembi pelos
sem-terra. E foi até lá.
Mas o que importou mesmo
foi a Ford.
Na edição das declarações de
Covas, dos sindicalistas e da
montadora, a Globo deu apoio
de última hora ao governador,
em sua grita contra a transferência de empregos.
ACM escolheu dia errado e
projeto mais errado ainda para se lançar em sua nova carreira de Jânio Quadros.
Não podia ser mais claro em
seus propósitos, tirando de tudo o que soasse de classe média
para cima:
- Quem compra perfume,
quem toma uísque, vinho,
quem compra roupas mais caras, gravatas, sapatos etc. tem
que pagar.
Foi cômico, até por insistir,
contra o óbvio, que não estava
criando impostos. Record e
Globo News caíram.
Mas a Rede Globo nem colocou nas manchetes do Jornal
Nacional.
A Globo levou para as manchetes, ele sim, o ministro das
Relações Exteriores, para falar
de Mercosul.
Míriam Leitão já dizia, de
manhã, no Bom Dia Brasil:
- O Itamaraty deveria estar
à frente, negociando o assunto,
não Clóvis Carvalho.
É o velho jogo de monetaristas e desenvolvimentistas, com
a Globo entre os primeiros.
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