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INVESTIGAÇÃO INTERNACIONAL
CPI terá acesso também às informações telefônicas e bancárias do ex-prefeito desde 93
Juiz manda quebrar sigilo fiscal de Maluf
RONALD FREITAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O juiz-corregedor do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais), Maurício Lemos Porto Alves, determinou ontem a quebra
de sigilos fiscal, bancário e telefônico do ex-prefeito Paulo Maluf a
partir de 1º de janeiro de 1993.
A sentença, em favor dos vereadores que integram a CPI municipal da Dívida Pública para apurar
o endividamento do município de
São Paulo desde a gestão Jânio
Quadros (1986-1988), amplia decisão anterior do juiz, que não incluía o sigilo fiscal.
No último dia 20, ele determinara a quebra dos sigilos bancário e
telefônico (restrito às ligações internacionais) de Maluf e seus familiares a pedido do Ministério
Público do Estado de São Paulo.
Extratos telefônicos
Os extratos telefônicos de Maluf
e familiares dele enviados pelas
empresas Embratel, BCP e Telesp
Celular começaram a ser examinados ontem pela promotoria. A
Folha apurou que há registro de
ligações dos familiares do ex-prefeito para o Citibank de Genebra,
na Suíça (leia texto abaixo).
A Receita Federal terá de repassar à CPI da Dívida Pública as declarações de renda do ex-prefeito.
Em ano eleitoral, Maluf tem apresentado ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) apenas declarações
de bens. A legislação eleitoral não
o obriga a declarar renda.
A CPI quer saber por que a dívida do município cresceu 114%,
passando de R$ 4,45 bilhões para
R$ 9,5 bilhões, na gestão Maluf.
Em depoimento à CPI, no último
dia 20, o ex-prefeito atribuiu o aumento aos juros "pornográficos e
escorchantes" cobrados pelo governo federal.
Entre 1996 e o ano passado,
quando o prefeito era Celso Pitta,
o aumento da dívida foi de 92%,
chegando a R$ 18,25 bilhões.
A nova quebra de sigilo telefônico inclui as ligações nacionais. A
vereadora Ana Martins (PC do B),
presidente da CPI, espera ter todos os documentos em mãos antes do dia 10 de setembro, quando
o ex-prefeito vai depor pela terceira vez na CPI.
Retroatividade
Na última terça-feira, com a divulgação das informações do governo da Suíça de que a primeira
conta que tem Maluf como beneficiário havia sido aberta em 1985,
os promotores pediram que a
quebra de sigilo retroagisse àquele ano. O juiz-corregedor deve se
manifestar sobre o novo pedido
ainda nesta semana. O ex-prefeito
tem negado a posse de contas em
seu nome e no de familiares "em
qualquer paraíso fiscal".
A conta de que Maluf é beneficiário foi aberta em nome da empresa Blue Diamond Ltd., no Citibank de Genebra. Em seguida, a
empresa passou a se chamar Red
Ruby Ltd. Em 1997, oito dias depois de deixar a prefeitura, a conta
foi fechada, e o dinheiro, transferido para a agência do Citibank na
ilha de Jersey, paraíso fiscal no canal da Mancha.
Dinheiro ilícito
Os promotores Marcelo Mendroni e Sílvio Marques e a vereadora Ana Martins suspeitam que
a conta possa ter recebido dinheiro ilícito, obtido com o superfaturamento de obras públicas e a
emissão irregular de precatórios
(dívidas com o pagamento ordenado pela Justiça após sentença
definitiva).
O fato de Maluf ter enviado dinheiro para fora do país sem ter
informado as autoridades competentes constitui crime contra o
sistema financeiro nacional, contra a ordem tributária e crime de
lavagem de dinheiro, de competência federal.
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