|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ORÇAMENTO
De acordo com a legislação, alíquota do Imposto de Renda das pessoas físicas deveria ser reduzida para 25%
Governo quer manter IR de 27,5% em 2004
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo vai sugerir a manutenção da alíquota de 27,5% da tabela do Imposto de Renda das
pessoas físicas em 2004. De acordo com a legislação, a alíquota deveria cair para 25% no ano que
vem, mas a arrecadação mantendo a cobrança atual já foi incluída
como receita condicionada no
projeto do Orçamento de 2004
que será entregue hoje ao Congresso Nacional.
No total, serão R$ 22 bilhões em
receitas condicionadas, ou seja, a
despesa só poderá ser realizada
caso haja uma autorização legislativa em relação à manutenção dos
tributos. Cerca de R$ 20 bilhões
estarão vinculados à aprovação
da nova CPMF, prevista na reforma tributária.
Como a LDO (Lei de Diretrizes
Orçamentárias) exige que só pode
entrar como receita condicionada
no Orçamento de 2004 assunto
que já esteja em discussão no
Congresso (caso da CPMF, mas
não da maior alíquota do IR), a
proposta de prorrogação da alíquota de 27,5% vai ser enviada
aos congressistas. O texto já está
pronto, mas aguardava a assinatura do presidente Lula.
Apesar de o Ministério da Fazenda já ter anunciado a intenção
de reformular completamente a
tabela do Imposto de Renda, inclusive criando uma alíquota de
35%, isso não deverá ser enviado
agora com a sugestão de prorrogar a alíquota de 27,5%. As demais mudanças na tabela, que
não têm urgência na avaliação da
área econômica, podem ficar para
depois. Hoje a alíquota de 27,5%
incide sobre os rendimentos superiores a R$ 2.115 mensais.
Por causa das mudanças no IR,
o governo ainda discute se manterá a alíquota de 27,5% por tempo
indeterminado. Mas resolveu garantir a manutenção dos recursos
no Orçamento de 2004.
Antes da eleição presidencial do
ano passado, o PT se posicionava
contra as sucessivas prorrogações
da CPMF e da alíquota de 27,5%.
A alíquota foi elevada em 1998 como parte de um pacote fiscal e deveria durar até 1999. A última
prorrogação foi no final do ano
passado e já teve o apoio do PT.
Estados
Na prática, a perda de receita
com a redução da alíquota será de
R$ 3,3 bilhões, mas 44% disso é
destinado para Estados e municípios. Como o setor público precisa economizar R$ 73,5 bilhões em
2004 para evitar um aumento da
dívida pública, nenhum governo
poderá dispensar esses recursos.
No caso da CPMF, se a transformação em contribuição permanente não for aprovada, a alíquota
cai de 0,38% sobre as transações
bancárias para 0,08% em 2004. Os
recursos da contribuição são vinculados à seguridade social (previdência social, saúde). Mas, caso
o percentual seja reduzido em
2004, os recursos deverão ser destinados integralmente ao Fundo
de Combate à Pobreza.
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) disse que acredita
na necessidade de prazo de 90
dias para a vigência da nova
CPMF. Assim, teria que ser aprovada até o final de setembro para
que o governo não perca dinheiro
a partir de janeiro. Se isso não
ocorrer, disse, a perda diária de
arrecadação é de R$ 100 milhões.
A necessidade da noventena,
porém, não tem um parecer conclusivo da área jurídica do governo. Na última prorrogação da
contribuição, no governo FHC,
não houve necessidade da noventena para manter a cobrança.
Os projetos do Orçamento de
2004 e do Plano Plurianual 2004-2007 serão entregues hoje ao Congresso. Pela manhã, os números
serão fechados em uma reunião
ministerial no Planalto.
Colaborou VIVALDO DE SOUSA, da Sucursal de Brasília
Texto Anterior: Juros fazem dívida de empresas com o INSS chegar a R$ 176 bilhões Próximo Texto: Plano plurianual: Lula quer criar emprego com jornada menor Índice
|