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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CONEXÃO RIBEIRÃO
Acusado de receber propina de empreiteira, Gilberto Maggioni substituiu o atual ministro na Prefeitura de Ribeirão em 2002
Patrimônio de vice de Palocci cresceu 60% em um ano de gestão
DO ENVIADO ESPECIAL A RIBEIRÃO
Acusado pelo advogado Rogério Buratti de receber propina de
R$ 50 mil por mês de uma empreiteira e repassá-la ao PT, o ex-prefeito de Ribeirão Preto Gilberto Maggioni teve um aumento de
patrimônio de 60% no primeiro
ano de sua gestão, em 2003, já descontada a inflação do período.
Maggioni foi o sucessor do hoje
ministro Antonio Palocci (Fazenda), para quem Buratti trabalhou
como secretário de Governo.
Atualmente, Maggioni está
construindo uma casa de 562 m2
num loteamento de alto padrão
na zona sul da cidade. O terreno,
de 1.162 m2, foi comprado em
março de 2003. Maggioni registrou pagamento de R$ 38 mil pelo
imóvel, avaliado no mercado em
cerca de R$ 150 mil. No mesmo
período, o ex-prefeito comprou
dois terrenos, registrados com valores de R$ 4.800 e R$ 4.900.
Os dados sobre o aumento de
patrimônio do ex-prefeito constam da declaração de bens entregue por ele à Justiça Eleitoral em
2004, quando disputou a reeleição. Eleito vice-prefeito em 2000,
ele assumiu o comando da cidade
em novembro de 2002, com a saída de Palocci para o ministério.
Em 31 de dezembro de 2002, o
patrimônio declarado de Maggioni era de R$ 419.432 - ou R$
458.439, corrigido pelo IPCA. Um
ano depois, em 31 de dezembro de
2003, o patrimônio declarado
passou a ser de R$ 731.752.
Dono de uma fábrica de tintas
em Ribeirão, Maggioni comandava a ACI (Associação Comercial e
Industrial) da cidade antes de virar prefeito. Ele atribui o crescimento de seu patrimônio ao aumento dos negócios de sua fábrica. "Uma pessoa séria declara o
que tem. Tenho tudo declarado
com tranqüilidade e transparência", afirmou o ex-prefeito petista,
que, no cargo, recebia um salário
de cerca de R$ 16 mil.
Depósitos
Na declaração de bens entregue
à Justiça Eleitoral, constam investimentos em contas bancárias no
valor total de R$ 138 mil em 2003.
Em nome de sua mulher, foram
depositados R$ 51,5 mil no banco
de Boston e outros R$ 13 mil no
banco Banespa. O restante dos investimentos de Maggioni foi feito
no Banco do Brasil.
"Os negócios cresceram nos últimos anos e vamos crescer mais
neste ano", disse o ex-prefeito,
sem revelar os lucros da sua empresa de tintas.
Maggioni não quis comentar
também a construção de sua casa.
Alegou tratar-se de assunto particular. Questionado sobre o fato de
o valor de registro do imóvel ser
inferior aos de mercado, afirmou:
"Foi o quanto paguei. Está tudo
registrado e dentro da lei".
Mesmo com a alegada melhora
dos negócios, Maggioni foi executado pela prefeitura pela falta de
pagamento de três contas de água
há dois anos. A Justiça arquivou
os processos pelo fato de o valor
da dívida ser menor do que o custo das cobranças.
Desde 1995, o ex-prefeito foi
executado pelo município pelo
menos oito vezes, algumas delas
por não ter pago contas que não
chegavam a R$ 10.
(CONRADO CORSALETTE)
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