São Paulo, domingo, 28 de agosto de 2005

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RUMO A 2006

PT já pensa em alternativas a Lula em eleição

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O envolvimento do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, na crise reabriu os cenários traçados por integrantes da cúpula petista para o caso de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficar impossibilitado de disputar a reeleição.
Palocci era unanimidade como "plano B", mas a certeza acabou com a acusação de que ele teria comandado esquema de propina em sua segunda gestão na Prefeitura de Ribeirão Preto (SP), em 2001 e 2002.
Dois nomes largam na frente no caso de um vácuo na candidatura presidencial, segundo avaliações no PT: os senadores Aloizio Mercadante e Eduardo Suplicy.
Mercadante tem pontos a seu favor. Ele está hoje numa posição privilegiada no partido. Foi o único cardeal do PT a passar incólume pela crise. É identificado com o establishment petista, mas tem apelo à esquerda.
O senador rejeita a especulação. "Não vejo espaço para essa discussão no momento, nem vejo razão pela qual o presidente Lula deixaria de ser candidato", diz o líder do governo no Senado.
Já Suplicy seria uma opção para um discurso de defesa da ética, antiga bandeira do senador, que também está passando incólume ao escândalo até aqui. Ele desagrada à cúpula partidária por ser incontrolável e indisciplinado, mas sua imagem pública positiva se consolidou durante a crise, na avaliação de caciques petistas.
O partido pode se ver forçado a privilegiar o resgate de seu patrimônio ético sobre todos os outros aspectos, dependendo do tamanho do estrago feito pelo escândalo sobre sua imagem.
Mas Suplicy também rechaça a possibilidade. "A questão não está posta hoje. Eu disse a Lula no final do ano passado que apoiaria sua reeleição e me candidataria ao Senado. Mantenho esta posição."
Outros nomes são citados internamente, mas todos têm problemas. Marta Suplicy, segundo um auxiliar próximo, já enfrenta sua própria "campanha difamatória" desde que perdeu a prefeitura paulistana, e não se disporia a concorrer à Presidência.
O presidente do PT, Tarso Genro, mostrou falta de força interna ao perder batalha contra o deputado José Dirceu. Marcelo Déda, prefeito de Aracaju (SE), tem a seu favor amizade com Lula, mas é não tem expressão nacional.
Apoiar candidato de outro partido, como Ciro Gomes (PSB), representaria, nas palavras de um deputado, "que o PT acabou".
Até agora, porém, a avaliação é de que, mesmo abalado, Lula é eleitoralmente mais forte do que seus possíveis substitutos.
(FÁBIO ZANINI)


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