São Paulo, quinta-feira, 28 de setembro de 2000

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PAINEL


Sombra eleitoral
O Planalto examina a hipótese de submeter Carlos Melles (Turismo), que admitiu ter usado de seu "nome e prestígio" para tentar eleger a mulher, à Comissão de Ética Pública, instalada como resposta à crise EJ. O caso de Fernando Bezerra (Integração Nacional), que enviou verbas para suas bases eleitorais, também deve ser apreciado.

Problema em casa
A interferência de Melles e de Bezerra nas eleições de Minas e do Rio Grande do Norte causou mal-estar no Planalto. Pego de surpresa, FHC ficou "irritadíssimo" e não escondeu seu mau humor de ninguém, segundo assessores do presidente.

Intriga aliada
Um grande aliado do Planalto aposta para ver o tucanato tomar providências para valer contra os deslizes de dois de seus ministros. "Duvido que FHC faça alguma coisa depois que passar a eleição e cessar o barulho. Isso tudo não passa de teatro".

Efeito decorativo
Desde a sua criação, em agosto passado, a Comissão de Ética Pública fez duas reuniões burocráticas para analisar o patrimônio e alguns conflitos de interesses no primeiro escalão. A terceira reunião será na próxima semana. E a comissão poderá mostrar enfim a que veio.

Lembrança do TRT
No meio do tiroteio eleitoral entre os aliados, Aloysio Nunes Ferreira (Secretaria Geral) desabafou a amigos: nada podia fazer para evitar que Bezerra enviasse dinheiro para suas bases eleitorais. "O recurso é do ministério, quem assina é o ministro e quando eu soube o dinheiro já estava na prefeitura".

Dá cá, toma lá
Rafael Greca (PFL) gravou na madrugada de ontem uma mensagem de apoio a Cassio Taniguchi, que disputa a reeleição em Curitiba. Esperou o atual prefeito anunciar no horário eleitoral, anteontem, que não disputará a sucessão do governador Jaime Lerner em 2002.

Direitos humanos
A OAB-SP decidiu entregar o prêmio Franz de Castro Holzwarth, de direitos humanos, ao padre Júlio Lancelotti. Zilda Arns, irmã de dom Paulo, e a Anistia Internacional receberão menções honrosas. A entrega será dia 11 de dezembro.


Duelo de titãs
Tanto o tucanato quanto os malufistas acreditam que a segunda vaga para o segundo turno será decidida entre Alckmin e Maluf no dia da eleição. E já preparam operações de guerra na periferia para convencer a massa na boca da urna.

Questão de honra
Mário Covas só pensa naquilo. Auxiliares diretos dizem que o governador não se mostrava tão empenhado na eleição nem quando disputou pessoalmente contra Maluf, em 98. Vale tudo contra seu maior desafeto.

O Zé pelo Mané
Parece piada, mas Celso Pitta cogitou entrar na disputa na reta final do primeiro turno, mesmo sabendo que não teria chance de vitória. No último dia 18, estimulado por assessores, o prefeito por pouco não convocou Zé de Abreu, do seu PTN, para que abrisse mão da candidatura.

Pela porta dos fundos
Embora Collor esteja recorrendo na Justiça, seus aliados comemoram na surdina a decisão do TSE de impugnar sua candidatura. É uma saída "honrosa" ao fiasco que se avizinhava nas urnas. O ex-presidente está atrás de Enéas (Prona).

Visitas à Folha
Adib Jatene, professor aposentado da Faculdade de Medicina da USP, diretor-geral do Hospital do Coração e ex-ministro da Saúde (governos Collor e FHC), visitou ontem a Folha.

Olavo Drummond, ex-ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) e prefeito de Araxá (MG), visitou ontem a Folha.

TIROTEIO


De Miro Teixeira (PDT-RJ), sobre a promessa de FHC de estender a correção do FGTS para todos os trabalhadores:
- Se o governo esperava ganhar votos, cometeu um erro administrativo e outro político. Primeiro, porque só cumpre uma decisão judicial. Segundo, porque os tucanos seguem em apuros nas principais eleições.

CONTRAPONTO

Sinceridade familiar
Neto de Tancredo Neves e líder do PSDB na Câmara, o deputado Aécio Neves é arroz-de-festa em qualquer comício tucano em Minas Gerais.
Na reta final da campanha, Aécio chega a participar de até seis comícios diários. À noite, sonolento, mal consegue ouvir os discursos dos candidatos.
Semana passada, Aécio encerrou sua jornada diária em Novo Oriente, no Vale do Jequitinhonha, a região mais pobre de MG.
No palanque, aguardava, cansado, sua vez de falar quando o candidato do PSDB à prefeitura local, José Jardim, foi chamado pelo animador do comício.
A apresentação, feita pelo filho do candidato, despertou Aécio de uma vez por todas.
Entusiasmado, o locutor anunciou:
- Vai falar agora o homem que deixa a demagogia barata para assumir o Executivo: o meu pai, José Jardim!


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