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GOVERNO
"Turbulências financeiras não estão nas nossas mãos", afirma presidente
FHC diz que avanços são ofuscados por problemas
SANDRO LIMA
ENVIADO ESPECIAL A AGUIARNÓPOLIS (TO)
No dia em que o dólar bateu novo recorde do Plano Real e fechou
em R$ 3,88 -alta de 3,19%-, o
presidente Fernando Henrique
Cardoso afirmou ontem que as
turbulências do mercado financeiro e os problemas sofridos pelo
Brasil impedem a população de
perceber os avanços que estão
ocorrendo no país.
"A infra-estrutura brasileira
nestes oito anos tomou outra feição. Talvez os brasileiros não saibam, o Brasil é tão grande, os problemas nos atormentam de tantas
formas. Há problemas que não
estão nas nossas mãos, como essas turbulências financeiras. São
tantos problemas que talvez nós
brasileiros não tenhamos ainda a
consciência da dimensão das
transformações que estão ocorrendo no Brasil", disse.
FHC discursou durante a inauguração da ponte da ferrovia Norte-Sul sobre o rio Tocantins, ligando os municípios de Estreito
(MA) e Aguiarnópolis (TO), na
divisa entre os dois Estados.
O presidente, que chegou ao local de trem e foi aplaudido por
cerca de 500 pessoas que estavam
na cerimônia, sinalizou estar à
disposição do próximo presidente. "Quando necessário, mesmo
de longe, se for útil, darei minha
palavra de apoio ao país", falou.
Durante a cerimônia, o presidente confundiu o nome da cidade, que chamou de Aguiarlândia,
em vez de Aguiarnópolis. Assim
que terminou de discursar, FHC
saiu rapidamente do palanque e
foi cumprimentar as pessoas que
estavam no local, atitude que surpreendeu a segurança.
"Agradeço imensamente e peço
ao povo de Aguiarlândia [sic] que
me perdoe porque não posso dar
a mão a cada um, mas tenham um
sentimento de que, como presidente da República, se pudesse
abraçá-los, eu os abraçaria", disse.
Segundo FHC, a ponte da ferrovia Norte-Sul, que tem 1.300 metros de extensão, é um símbolo da
integração que está ocorrendo entre as regiões brasileiras e hoje a
realidade vivida pelo país é "indestrutível". O presidente aproveitou o discurso para citar realizações e incluiu o combate ao
analfabetismo.
"Assim como foi necessário, no
fim do século 19, acabar com a escravidão, que era uma nódoa e era
mais que uma nódoa, era um grilhão que acorrentava os pés do
país ao atraso, eu posso dizer que
agora, no começo do século 21, o
fundamental é acabar com o analfabetismo que é a forma moderna
do mesmo grilhão que prende o
povo ao atraso e que impede o
Brasil de alçar o vôo, o grande
vôo, não só da liberdade, mas da
construção de uma sociedade
mais feliz, mais irmã, mais fraterna e mais justa para todos. E eu
posso lhes dizer, sem demagogia,
nós acabamos com a nódoa do
analfabetismo."
FHC fez ainda um balanço das
obras realizadas em seu governo e
disse que não se pode dar atenção
apenas a críticas. "É preciso deixar que a mesquinharia do cotidiano, que a pequena política, que
essas frases, às vezes ferinas, como que não firam os nossos ouvidos e que nós não sejamos o tempo todo constrangidos a ver o que
não é bom. E fiquemos olhando
um pouco mais longe na convicção de que o que não é bom vai
sumir na história e o que é bom
vai ficar marcado para sempre como parte do Brasil."
Na cerimônia, que não contou
com a presença de autoridades do
Maranhão, FHC citou o senador
José Sarney (PMDB-AP). "Quero
prestar uma homenagem ao presidente Sarney, que foi alguém
que teve a visão de que era importante levar adiante essa obra de
integração", falou.
Estiveram presentes o ministro
dos Transportes, João Henrique,
prefeitos da região e o governador
do Tocantins, Siqueira Campos
(PFL). O governador apoiou desde o início o candidato do governo à Presidência, José Serra
(PSDB), contrariando decisão do
seu partido, que primeiro lançou
a candidatura de Roseana Sarney
(PFL) e depois apoiou informalmente Ciro Gomes (PPS).
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