São Paulo, sábado, 28 de setembro de 2002

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Aécio é pivô de evento em Minas, que inclui ainda uma visita do presidente a Itamar Franco

A seis dias da eleição, FHC sobe no palanque de Serra pela 1ª vez

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pela primeira vez na campanha, o presidente Fernando Henrique Cardoso subirá no palanque do tucano José Serra. O ato será na segunda-feira, provavelmente em Contagem (MG), ao lado do candidato do PSDB ao governo de Minas, Aécio Neves. Objetivo: tentar minar o PT no segundo maior colégio eleitoral do Brasil e levar Serra ao segundo turno.
No mesmo dia, FHC deverá visitar Itamar Franco, governador de Minas, seu antecessor na Presidência e cabo eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao mesmo tempo em que tenta ajudar Serra, FHC quer fazer um gesto de reconciliação com Itamar, com quem esteve rompido durante parte de seus dois mandatos.
A tentativa de reaproximação com Itamar também é um modo de tentar dividir com o PT o prestígio do ex-presidente no Estado. Com a ajuda de Itamar, Lula cresceu nas pequenas cidades.
Na última semana, a campanha Serra deu uma guinada em direção a Minas, onde Lula tem intenção de voto casada com a de Aécio: ou seja, no Estado, até pouco tempo atrás Lula e Aécio venceriam a eleição no primeiro turno.
Essa estratégia é reflexo da inflexão na campanha após a pesquisa Datafolha divulgada no domingo passado, na qual ficou claro que Lula cresceu após a série de ataques pesados desferidos por Serra na TV. Os políticos passaram a ter voz mais ativa na campanha. Diminuiu o poder da equipe de marketing sobre a TV e a agenda do candidato tucano ao Planalto.
A intenção de Serra é fazer com que Aécio e FHC transfiram votos para ele. Aécio, com o apoio de 18 partidos (nove formalmente e nove informalmente), continua a crescer nas pesquisas (tem em torno dos 50% dos votos).
Para ajudar Serra, o tucano mineiro cancelou toda a sua agenda de quinta-feira para participar de dois atos com o postulante presidencial. Esteve num encontro de prefeitos e foi a um evento em Uberaba. Detalhe: Aécio já havia ido à cidade duas vezes e foi arrastado para o evento serrista.
Outro exemplo: o programa de TV de Serra anteontem, segundo brincadeira dos tucanos mineiros, parecia plataforma de candidato ao governo de Minas.
A colagem de FHC a Serra na reta final é outra reivindicação da ala política, que teve atritos com o marketing. O raciocínio dos políticos do PSDB e do PMDB é que, fracassado o confronto de TV para derrubar Lula, Serra deve tentar se colar a bons cabos eleitorais para evitar a derrota no primeiro turno. Nesse contexto, FHC, cuja imagem pessoal é melhor do que a imagem do seu governo, é um cabo eleitoral com potencial para transferir votos preciosos no segundo maior colégio eleitoral.
Todo o entendimento político para levar FHC a Minas, fazê-lo se encontrar com Itamar e tentar ajudar Serra a chegar à segunda fase foi conduzido por Aécio.
O tucano mineiro e presidente da Câmara esteve em Brasília anteontem à noite para se reunir com FHC e acertar detalhes sobre a agenda de segunda-feira. "Minas dará uma demonstração de grandeza política e de conciliação pelo futuro do Brasil", diz Aécio.
Após ver Itamar, FHC deverá participar dos atos de campanha de Serra e Aécio. As equipes dos dois candidatos discutiam até ontem a agenda.



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