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PDT fala em renúncia para barrar tucano
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ITAÚNA
Embora não admitam publicamente, integrantes da direção nacional do PDT do ex-governador
Leonel Brizola avaliam que a renúncia de Ciro Gomes (PPS) pode
ser necessária para evitar uma vitória de José Serra (PSDB) na eleição presidencial.
"Estão criando uma crise artificial para prejudicar o Lula. Vão
destruir o país se ele e Serra forem
para o segundo turno", disse um
líder pedetista que prefere não ter
seu nome revelado.
De acordo com pedetistas ouvidos pela Folha, a desistência de
Ciro, tema de conversas reservadas entre alguns filiados do partido, ainda pode ser útil para garantir uma vitória do petista já no primeiro turno da disputa. "Ele [Ciro] elegeria o Lula e não deixaria
continuar isso que está aí."
Afirmam que esse eventual esforço de Ciro, característico de
um "patriota", como fazem questão de declarar, será, ao que tudo
indica, essencial para o país. A dificuldade, hoje, está na identificação do momento político mais
apropriado para a iniciativa.
Isso porque alguns ainda apostam que o debate entre os quatro
principais candidatos no próximo
dia 3 poderá alterar o rumo da
campanha. A data é vista, entretanto, como tardia para os defensores da idéia da renúncia.
Brizola, segundo a Folha apurou, também tem demonstrado
ser partidário da proposta, já defendida pelo coordenador de programa de governo de Ciro, o filósofo Roberto Mangabeira Unger.
Históricos
Cerca de 40 pedetistas de Minas
Gerais, liderados por José Maria
Rabelo, membro da direção nacional do PDT, um dos fundadores do partido e amigo de Brizola,
o mais influente dirigente da sigla,
abandonaram a candidatura de
Ciro e apóiam agora Lula.
Em carta de duas laudas enviada anteontem a Brizola, Rabelo
explicou as razões ao líder pedetista e comunicou que a adesão à
Lula se dará hoje no comício que
o petista realizará à noite, em Belo
Horizonte. "Lá estarão cerca de 40
pedetistas com as bandeiras do
PDT", disse José Maria Rabelo.
Na carta, o pedetista mineiro
defende a renúncia de Ciro, cuja
candidatura ele considera "sem
chances", além de "não ter empolgado" os militantes do partido.
"Neste momento, a dignidade, o
patriotismo e a coerência nos indica: é a renúncia de Ciro e o
apoio a Lula para decidir a eleição
ainda no primeiro turno", disse o
pedetista à Agência Folha.
Ele acrescentou: "O Lula encarna um movimento de renovação e
de mudança. Pode até ser que não
dê certo [um eventual governo
comandado por Lula", mas ele é
que encarna tudo isso. O Ciro não
tem possibilidade alguma".
Rabelo disse ainda que o apoio a
Lula será o caminho natural a ser
seguido pelo PDT no segundo
turno, em um embate que ele vislumbra ser contra Serra.
"Por que esperar, então, o segundo turno, se nós é que seremos os protagonistas? O Lula pode vencer já no primeiro turno se
o Ciro renunciar."
Este foi um dos mais explícitos
movimentos dentro da Frente
Trabalhista para que Ciro renuncie. Assessores do presidenciável
negam essa possibilidade.
"Votem comigo firmes que vamos estar com a vitória", declarou
o candidato ontem, ao ser questionado sobre o que diria aos eleitores que têm ouvido os rumores
sobre sua desistência.
(PATRICIA ZORZAN e PAULO PEIXOTO)
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