São Paulo, sábado, 28 de setembro de 2002

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PDT fala em renúncia para barrar tucano

DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ITAÚNA

Embora não admitam publicamente, integrantes da direção nacional do PDT do ex-governador Leonel Brizola avaliam que a renúncia de Ciro Gomes (PPS) pode ser necessária para evitar uma vitória de José Serra (PSDB) na eleição presidencial.
"Estão criando uma crise artificial para prejudicar o Lula. Vão destruir o país se ele e Serra forem para o segundo turno", disse um líder pedetista que prefere não ter seu nome revelado.
De acordo com pedetistas ouvidos pela Folha, a desistência de Ciro, tema de conversas reservadas entre alguns filiados do partido, ainda pode ser útil para garantir uma vitória do petista já no primeiro turno da disputa. "Ele [Ciro] elegeria o Lula e não deixaria continuar isso que está aí."
Afirmam que esse eventual esforço de Ciro, característico de um "patriota", como fazem questão de declarar, será, ao que tudo indica, essencial para o país. A dificuldade, hoje, está na identificação do momento político mais apropriado para a iniciativa.
Isso porque alguns ainda apostam que o debate entre os quatro principais candidatos no próximo dia 3 poderá alterar o rumo da campanha. A data é vista, entretanto, como tardia para os defensores da idéia da renúncia.
Brizola, segundo a Folha apurou, também tem demonstrado ser partidário da proposta, já defendida pelo coordenador de programa de governo de Ciro, o filósofo Roberto Mangabeira Unger.

Históricos
Cerca de 40 pedetistas de Minas Gerais, liderados por José Maria Rabelo, membro da direção nacional do PDT, um dos fundadores do partido e amigo de Brizola, o mais influente dirigente da sigla, abandonaram a candidatura de Ciro e apóiam agora Lula.
Em carta de duas laudas enviada anteontem a Brizola, Rabelo explicou as razões ao líder pedetista e comunicou que a adesão à Lula se dará hoje no comício que o petista realizará à noite, em Belo Horizonte. "Lá estarão cerca de 40 pedetistas com as bandeiras do PDT", disse José Maria Rabelo.
Na carta, o pedetista mineiro defende a renúncia de Ciro, cuja candidatura ele considera "sem chances", além de "não ter empolgado" os militantes do partido.
"Neste momento, a dignidade, o patriotismo e a coerência nos indica: é a renúncia de Ciro e o apoio a Lula para decidir a eleição ainda no primeiro turno", disse o pedetista à Agência Folha.
Ele acrescentou: "O Lula encarna um movimento de renovação e de mudança. Pode até ser que não dê certo [um eventual governo comandado por Lula", mas ele é que encarna tudo isso. O Ciro não tem possibilidade alguma".
Rabelo disse ainda que o apoio a Lula será o caminho natural a ser seguido pelo PDT no segundo turno, em um embate que ele vislumbra ser contra Serra.
"Por que esperar, então, o segundo turno, se nós é que seremos os protagonistas? O Lula pode vencer já no primeiro turno se o Ciro renunciar."
Este foi um dos mais explícitos movimentos dentro da Frente Trabalhista para que Ciro renuncie. Assessores do presidenciável negam essa possibilidade.
"Votem comigo firmes que vamos estar com a vitória", declarou o candidato ontem, ao ser questionado sobre o que diria aos eleitores que têm ouvido os rumores sobre sua desistência.
(PATRICIA ZORZAN e PAULO PEIXOTO)


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