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MARANHÃO
Oposição vê falta de apoio
Tavares usa MPs para governar Maranhão
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
Desde o final de julho, o governador do Maranhão, José Reinaldo Tavares (PFL), administra o
Estado por meio de medidas provisórias. Seis MPs já foram editadas nos últimos dois meses.
A possibilidade da edição de
MPs foi incluída na Constituição
do Maranhão em janeiro de 2003,
por meio de proposta de emenda
feita pelo próprio governador
(além da Constituição maranhense, a do Tocantins também prevê
a edição de MPs). Até julho deste
ano, porém, Tavares não havia
editado nenhuma MP: elas só
passaram a ser usadas após a ruptura de Tavares com a senadora
Roseana Sarney (PFL-MA).
Em julho, Tavares tornou público, em entrevista a uma emissora
de TV local, sua divergência com
a ex-governadora, a quem acusou
de ter endividado o Estado. Para o
deputado estadual Aderson Lago
(PSDB), um dos líderes do bloco
de oposição, desde que rompeu
com o grupo Sarney, Tavares não
sabe qual o tamanho do apoio que
tem e teme não aprovar projetos.
"Hoje, ele [Tavares] não tem
controle da base de sustentação
dele, que é a base do grupo político do qual ele fazia parte e que o
elegeu", disse Lago. Dos 42 deputados da Casa, oito se declaram de
oposição a Tavares. Para o deputado Domingos Dutra (PT), a correlação de forças na Assembléia
só vai voltar a ficar clara depois
das eleições municipais: "Até lá,
está tudo embolado. Ainda não
está claro o rompimento do governador com o grupo Sarney".
Tavares nega que a edição das
MPs tenha motivação política e
diz que mantém uma ampla base
de apoio no Legislativo: "A bancada que apóia incondicionalmente a Roseana é de apenas quatro deputados entre os 42. Eles já
estão contra [meu governo] há
muito tempo e só vim adotar as
medidas provisórias agora". Para
Tavares, a urgência nas ações e a
redução da atividade legislativa
nos meses que antecedem a eleição motivaram a edição das MPs.
"São assuntos diversos, importantes, alguns de natureza econômica, que precisávamos resolver
logo. Como a Assembléia Legislativa está voltada para as eleições
municipais, assim como o Congresso, corríamos o risco de essas
medidas entrarem em vigor com
muito atraso", disse Tavares.
A MP entra em vigor já a partir
de sua publicação no "Diário Oficial". Na seqüência, é enviada ao
Legislativo, onde pode ou não ser
derrubada. Em tese, deve tratar de
assuntos relevantes e urgentes.
Por MPs, foram suspensos os pagamentos do reajuste dos professores. O governador recriou também por MP a recém-extinta
Agência Reguladora de Serviços
Públicos e transferiu 70% dos depósitos judiciais para o erário.
A MP suspendendo o reajuste
dos professores foi necessária, segundo o secretário de Planejamento do Estado, Simão Cirineu,
porque no final de julho o Maranhão destinava 48,6% da Receita
Corrente Líquida com pessoal. O
limite do gasto para o Executivo
previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal é 49% da receita.
Com o fim do reajuste, o Estado
deixa de gastar R$ 113 milhões até
o final do ano. Os professores estão em greve desde o final de
agosto. Desde 15 de setembro, a
pauta de votação da Assembléia
está trancada por duas MPs.
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