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CAMPO MINADO
Além de invasões, movimento quer fazer marcha até Brasília
MST anuncia onda de ações após 1º turno das eleições
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) anunciou que, após o primeiro turno
das eleições municipais, no dia 3
de outubro, promoverá uma onda de ações no país para cobrar do
governo federal o cumprimento
da meta de assentamentos deste
ano. Além de invasões de terra, os
protestos incluem uma marcha
de 10 mil pessoas a Brasília.
A iniciativa dos sem-terra teve
origem na semana passada, quando o governo federal decidiu elevar o superávit primário deste
ano para 4,5% do Produto Interno Bruto, o que, na prática, destinou cerca de R$ 4 bilhões no pagamento de dívidas, e não em investimentos no campo, por exemplo, como deseja o movimento.
Outra motivação para a retomada das ações tem como base um
levantamento recente elaborado
pelo MST. O documento indica
que, das 70,1 mil famílias que o
governo afirma ter assentado desde janeiro de 2003, apenas 5.440
delas (7%) são ligadas a acampamentos do movimento.
"As lutas vão ser retomadas depois das eleições. Vamos transformar outubro e novembro em meses de mobilizações. O governo
precisa tomar uma posição oficial
e definitiva sobre a promessa de
recursos e de metas de assentamentos", afirmou João Paulo Rodrigues, que integra a coordenação nacional do MST.
Em março passado, pressionado pelos sem-terra, que anunciaram e cumpriram uma onda recorde de invasões no país, o presidente prometeu para até dezembro uma suplementação de R$ 1,7
bilhão ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, o que, somado
ao orçamento original da pasta
(R$ 1,4 bilhão), atingiria o valor
necessário (R$ 3,1 bilhões) para
cumprir a meta de 115 mil famílias
assentadas em 2004.
Até o final do mês passado,
quando o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária) divulgou seu último balanço, o governo havia assentado
33,3 mil famílias -o que representa 29% da meta. Na questão financeira, outro problema: até
agora, do R$ 1,7 bilhão prometido, apenas R$ 195 milhões foram
entregues ao ministério, apesar de
o Congresso já ter autorizado a liberação de R$ 430 milhões.
Uma medida provisória deve
ser editada nesta semana para liberar mais R$ 200 milhões ao ministério, segundo ficou combinado em reunião dos ministro Miguel Rossetto (Desenvolvimento
Agrário) e Guido Mantega (Planejamento), ontem à tarde.
"Isso dá para pagar apenas duas
ou três áreas", afirmou João Paulo
Rodrigues, do MST.
Empilhados
Sem dinheiro, os processos de
desapropriação de terra liberados
pelas 29 superintendências regionais do Incra (uma por Estado,
sendo duas no Pará e duas em
Pernambuco) começam a ser empilhados na sede da autarquia, em
Brasília. Para efetivar a desapropriação, dividir os lotes e permitir
a entrada dos camponeses na
área, é preciso antes pagar as benfeitorias (com dinheiro) e a terra
nua (por meio de Títulos da Dívida Agrária) aos fazendeiros.
Desde que assumiu o cargo, o
presidente Lula não conseguiu
cumprir nenhuma meta prometida aos sem-terra -o tema da reforma agrária, segundo o Planalto, é uma das prioridades da gestão. No ano passado, a meta era de
60 mil famílias, mas 36,8 mil foram assentadas. No primeiro semestre deste ano, 21,7 mil famílias
foram beneficiadas, contra uma
promessa de 47 mil.
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