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Sem-terra invadem sede do Incra em Dourados
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
Cerca de 140 sem-terra invadiram ontem o prédio do Incra
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em Dourados (218 km de Campo Grande), Mato Grosso do Sul.
Por meio de sua assessoria, o Incra informou ter entrado no fim
da tarde com pedido de reintegração de posse na Justiça Federal.
Embora tenham ficado por apenas 20 minutos na manhã de ontem dentro do prédio, os sem-terra acamparam na calçada, fechando a rua, e ameaçavam dormir
dentro da sede, informou a assessoria do Incra.
Segundo o chefe da unidade do
Incra em Dourados, Roselmo de
Almeida Alves, o grupo fez a invasão para ser incluído entre as famílias cadastradas em acampamentos, que podem receber terra
até o final do governo Lula.
Os sem-terra seriam ligados ao
Sindicato dos Trabalhadores da
Agricultura Familiar. Almeida Alves informou porém que desconhece essa entidade. A Superintendência do Incra negou o pedido dos sem-terra de inclusão no
cadastro da reforma agrária.
"A gente não pode ficar refém
em uma situação dessa. Todo
mundo forma um acampamento,
fecha o Incra e vai lá e cadastra. Aí
não tem um critério técnico", afirmou o chefe da unidade do Incra.
Em Mato Grosso do Sul, o Incra
cadastrou 17.003 famílias em
acampamentos. A meta, segundo
a assessoria do órgão, é assentar
22 mil famílias até 2006, sendo
7.500 neste ano. Até ontem, não
houve assentamento em 2004.
O vice-presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores),
Antônio Castilho, afirmou desconhecer o movimento dos sem-terra, embora eles tenham colocado
uma bandeira da CUT na portaria
do prédio invadido.
MST
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) desobedeceu ontem uma decisão da
juíza Luciane Buriasco de Oliveira
Mello. Ela havia dado prazo de até
ontem para cerca de 250 famílias
deixarem a fazenda Aruanã, invadida em maio de 2003.
A propriedade pertence à Associação das Famílias para Unificação e Paz Mundial, entidade religiosa do reverendo coreano Sun
Myung Moon, 84.
O coordenador estadual do
MST, Márcio Bissoli, afirmou que
o movimento ainda busca uma
área para transferir o acampamento montado na fazenda.
A juíza mandou a Polícia Militar
fazer a desocupação sob pena de
pedido de intervenção federal no
Estado. Em agosto, a juíza afirmou que poderia autorizar o uso
de seguranças particulares para
desocupar a área. A medida, porém, não foi adotada.
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