São Paulo, terça-feira, 28 de setembro de 2004

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Sem-terra invadem sede do Incra em Dourados

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

Cerca de 140 sem-terra invadiram ontem o prédio do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em Dourados (218 km de Campo Grande), Mato Grosso do Sul.
Por meio de sua assessoria, o Incra informou ter entrado no fim da tarde com pedido de reintegração de posse na Justiça Federal.
Embora tenham ficado por apenas 20 minutos na manhã de ontem dentro do prédio, os sem-terra acamparam na calçada, fechando a rua, e ameaçavam dormir dentro da sede, informou a assessoria do Incra.
Segundo o chefe da unidade do Incra em Dourados, Roselmo de Almeida Alves, o grupo fez a invasão para ser incluído entre as famílias cadastradas em acampamentos, que podem receber terra até o final do governo Lula.
Os sem-terra seriam ligados ao Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar. Almeida Alves informou porém que desconhece essa entidade. A Superintendência do Incra negou o pedido dos sem-terra de inclusão no cadastro da reforma agrária.
"A gente não pode ficar refém em uma situação dessa. Todo mundo forma um acampamento, fecha o Incra e vai lá e cadastra. Aí não tem um critério técnico", afirmou o chefe da unidade do Incra.
Em Mato Grosso do Sul, o Incra cadastrou 17.003 famílias em acampamentos. A meta, segundo a assessoria do órgão, é assentar 22 mil famílias até 2006, sendo 7.500 neste ano. Até ontem, não houve assentamento em 2004.
O vice-presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Antônio Castilho, afirmou desconhecer o movimento dos sem-terra, embora eles tenham colocado uma bandeira da CUT na portaria do prédio invadido.

MST
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) desobedeceu ontem uma decisão da juíza Luciane Buriasco de Oliveira Mello. Ela havia dado prazo de até ontem para cerca de 250 famílias deixarem a fazenda Aruanã, invadida em maio de 2003.
A propriedade pertence à Associação das Famílias para Unificação e Paz Mundial, entidade religiosa do reverendo coreano Sun Myung Moon, 84.
O coordenador estadual do MST, Márcio Bissoli, afirmou que o movimento ainda busca uma área para transferir o acampamento montado na fazenda.
A juíza mandou a Polícia Militar fazer a desocupação sob pena de pedido de intervenção federal no Estado. Em agosto, a juíza afirmou que poderia autorizar o uso de seguranças particulares para desocupar a área. A medida, porém, não foi adotada.


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