São Paulo, terça-feira, 28 de setembro de 2004

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TODA MÍDIA

Só falta o debate

NELSON DE SÁ

Com mais uma pesquisa indicando estabilidade na intenção de voto, ontem no Jornal Nacional, a campanha em São Paulo parou.
Nos comerciais e no horário eleitoral, José Serra voltou a expor o governador Geraldo Alckmin, que disse:
- Juntos, eu e o Serra vamos trabalhar em harmonia pela nossa capital.
De sua parte, Marta Suplicy voltou a sublinhar a relação com Lula. Desta vez ela própria falou, em tom mais explícito do que o do governador:
- É com apoio firme do presidente que vamos continuar meu trabalho. Falando claro, é preciso dinheiro e esse dinheiro vem do governo federal.
Apesar da chantagem, a inflexão para petistas e tucanos é de fim de campanha, com sorrisos e muita música.
No clipe da propaganda petista, a canção de ontem era "Carinhoso". No clipe tucano, um verso dizia "falou em Serra/ falou em carinho".
 
As derrotas de Marta e Paulo Maluf na Justiça Eleitoral garantiram menos tempo aos ataques de última hora -e apontam, até domingo e depois até a volta do horário eleitoral, algumas semanas de paz na TV.
O que resta de expectativa está ligado ao debate na Globo, em horário nobre na quinta, após a novela das oito.
Dando de ombros para os esforços de Ciro Moura de melar o programa, a Globo anuncia que participam Serra, Marta, Maluf, Erundina e Paulinho.
É de esperar que Maluf se volte contra o tucano.
 
Sobre o Rio, a pesquisa do JN aponta risco de segundo turno -talvez com Luiz Paulo Conde, apoiado por Garotinho.
O telejornal entrou em cima com manchete e reportagem sobre a mistura de religião com política. Ouviu de um pastor carioca que "a escolha é da pessoa". E o JN encerrou:
- Quem não escolhe bem seus representantes na Terra não tem direito de reclamar depois aos céus.

SOB CONTROLE

Daniel Adel - time.com/Reprodução


Nos EUA, os dias que precedem o primeiro debate presidencial, programado para quinta-feira, a exemplo daqui, são de violência crescente. Foi o que destacou ontem o "New York Times", citando "a intensidade dos comerciais de televisão no fim de semana". Para piorar, ontem uma pesquisa da CNN e do "USA Today" confirmou que diminui a dianteira de George W. Bush sobre John Kerry. As inserções de ambos são concentradas em "ataques" de parte a parte, sobre o Iraque.
Mas para o debate não se devem esperar maiores agressões. Reportagens da "Time" (ilustração acima) ao "Miami Herald" ironizam o acordo de 32 páginas assinado por advogados das duas campanhas -com regras detalhadas que vão da posição das famílias de Bush e Kerry ("fila da frente, em diagonal ao candidato, diretamente na sua linha de visão") à proibição de mostrar um candidato durante a resposta do outro.

Recorde
Dia de boas novas. Na Globo, "a inflação em São Paulo cai pela quarta semana". Caiu "mais que o esperado", segundo a Folha Online. Por outro lado, na manchete do UOL, "superávit comercial encosta em US$ 25 bi e quebra recorde". Um "recorde histórico", diz a Folha Online.
Antes mesmo dos números, o "Miami Herald", num dossiê sobre a economia brasileira, já dizia ontem que o crescimento "não poderia ser melhor para Lula", ele que vai enfrentar "um referendo" nas eleições.

Apagão
Mas basta de boas novas. Nas manchetes dos canais de notícia, um "blecaute". Ou, na Agência Nordeste, a palavra que marcou o último surto de crescimento:
- Apagão atinge o Nordeste.

Vaca louca
Mais má notícia. O "Times" informou, a BBC Brasil reproduziu e a Globo On Line deu em manchete que a Grã-Bretanha exportou sangue com risco de vaca louca para o Brasil.

Inexplicável
Depois de Walter Salles, outros artistas brasileiros são incensados na mídia dos EUA.
O escritor Paulo Coelho foi o tema de uma reportagem interminável no "Washington Post", em que é descrito como alguém "em paz com o inexplicável".
O cantor e ministro Gilberto Gil foi tema, ao lado de Rita Lee, de uma crítica elogiosa de Jon Pareles, do "New York Times", pelo show da revista "Wired", dias atrás em Nova York, em apoio à polêmica flexibilização da propriedade intelectual.


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