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Governos ainda não demitem parentes
Apenas 3 Estados dizem já ter feito exonerações após regra antinepotismo; maioria aguarda parecer jurídico para agir
Um dos argumentos para a não-adequação é o grande número de funcionários e órgãos das administrações que precisam ser fiscalizados em todo o Estado
DA AGÊNCIA FOLHA
Um mês após o STF (Supremo Tribunal Federal) decidir
por unanimidade proibir a contratação de parentes até terceiro grau nos três Poderes, governos estaduais e Assembléias
Legislativas ainda não se adequaram à determinação. Até a
proximidade das eleições é usada como justificativa para a demora na demissão de parentes.
A Folha fez levantamento no
Executivo, no Legislativo e no
Judiciário dos 26 Estados e do
Distrito Federal. Todos os Tribunais de Justiça informaram
já haver cumprido resolução similar, do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), há dois anos.
Só três governos (PR, RN e
AP), no entanto, dizem já ter
feito exonerações. Alguns afirmam não ter conhecimento de
demissões, mas a maioria ainda
faz levantamentos ou aguarda
parecer jurídico para agir.
Um dos argumentos para a
não-adequação é o grande número de funcionários e órgãos
das administrações que precisam ser fiscalizados. Para a
procuradora-geral do Acre, Nazareth Lambert, há dificuldade
em listar todos os familiares.
No caso das 27 Assembléias,
nove (AL, GO, MA, PA, PI, RN,
RR, SE e TO) ainda estudam
que medida tomar, esperam o
fim das eleições ou fazem levantamentos em gabinetes.
Onze Casas dizem já ter começado a demitir, enquanto
seis já não tinham casos ou
possuíam uma lei anterior
proibindo a prática. Dessas 11,
apenas quatro Assembléias
(AC, AM, PE e SC) já divulgaram o número de parentes demitidos -foram 70 só no Amazonas. Nos Tribunais de Contas dos Estados, houve 163 demissões (leia texto abaixo).
A Assembléia de Mato Grosso do Sul disse não ter casos de
parentes até segundo grau contratados e que conta com o
"bom senso" dos deputados para aplicar a lei aos parentes de
terceiro grau.
Punição
Alguns governos estaduais
dizem que ainda há dúvidas sobre o modo de aplicação da súmula. O Supremo, porém, diz
que a determinação já vale.
A Assembléia de Roraima e o
governo goiano dizem aguardar
notificação sobre a súmula que
proibiu a prática para tomar
atitudes. Em Goiás, uma lei de
1997 criou "cotas" para parentes -autorizava a admissão "de
até dois" em cargos de comissão por autoridades.
Em São Paulo, o governo diz
que acatou a súmula e ainda
analisa que medidas irá tomar.
No Paraná, já houve quatro demissões, incluindo as de dois
sobrinhos do governador Roberto Requião (PMDB).
O presidente do STF, Gilmar
Mendes, disse que denúncias
antinepotismo devem ser levadas à Procuradoria Geral da República e aos Ministérios Públicos. O descumprimento, diz
ele, pode gerar punições.
A promotora Adriana de Morais, que atua na área de patrimônio público, diz que já havia
46 ações em andamento sobre
o tema antes da decisão do STF.
"Os promotores devem expedir uma recomendação ao órgão público para que cumpra as
normas constitucionais e dar
dez dias para providências."
Procurados, o governo do Tocantins e a Assembléia de Alagoas não responderam aos
questionamentos.
(THIAGO REIS, FELIPE BÄCHTOLD, MATHEUS PICHONELLI e PABLO SOLANO)
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