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Empresa rejeita devolver Embratel
de Washington
A operadora norte-americana
MCI WorldCom informou ontem
a investidores internacionais que
recusa a oferta feita pelo ministro
Pimenta da Veiga (Comunicações) de devolver ao governo brasileiro o controle da Embratel,
embora considere essa sugestão
"generosa".
Anteontem, o ministro havia dito que o governo brasileiro aceitará desfazer a venda para a MCI caso a companhia norte-americana
duvide da boa-fé do governo brasileiro durante o processo de privatização da Embratel, ocorrido
em julho em 98. A MCI comprou
a Embratel por R$ 2,65 bilhões.
Depois da privatização, a Embratel recebeu uma cobrança de
cerca de R$ 1,3 bilhão, da Receita
Federal, por impostos atrasados
referentes a anos anteriores à privatização. Os novos controladores da Embratel se negam a pagá-los, argumentando que o governo
brasileiro havia garantido aos
concorrentes, durante o processo
de privatização, que a cobrança
não seria feita.
A manifestação da MCI aos investidores começou numa conversa por telefone realizada pela
manhã entre Daniel Crawford,
executivo da MCI escolhido para
presidir a Embratel, e representantes de bancos. A Folha acompanhou essa conversa.
"Acho que seus comentários
(do ministro) foram feitos no calor de várias perguntas que estavam sendo feitas. Ele fez uma
oferta generosa, (disse) que se a
MCI acredita que alguma coisa
está errada o governo pode pegar
de volta. Eu garanto para vocês
que a MCI não tem nenhuma intenção de fazer tal oferta ao governo do Brasil", afirmou ele ao responder uma pergunta de um executivo do banco J.P. Morgan.
"Tendo dito isso, continuaremos, como MCI WorldCom, a
apoiar a Embratel em sua tentativa de proteger seus acionistas
contra o pagamento de impostos
que julgamos indevidos", afirmou o executivo da MCI.
Durante essa conversa, Crawford prometeu que irá defender a
posição da companhia com relação aos impostos "vigorosa e
agressivamente".
Mais tarde, numa carta enviada
ontem pela MCI aos investidores,
a que a Folha teve acesso, a companhia informa que tem em seu
poder documentos suficientes
provando que o Brasil informara
que os impostos não eram devidos e não seriam cobrados.
"O governo e seus assessores foram especificamente questionados (via e-mails que ficaram disponíveis para todos os participantes registrados) a confirmar que a
Embratel não era responsável pelos impostos, e um parecer escrito
de um escritório de advocacia foi
colocado no "data room" como
confirmação posterior. Em nenhum momento, durante o processo de privatização, os concorrentes receberam qualquer indicação de que a opinião do governo, como controlador e vendedor
da Embratel, não era a mesma da
Receita Federal", afirma a carta
enviada pela empresa.
Segundo a MCI, apenas depois
da privatização a companhia teve
acesso a cartas de maio de 1998
em que o presidente da Telebrás,
Fernando Xavier Ferreira, e o presidente da Embratel, Dilion Penedo, conversam sobre uma potencial cobrança desse imposto pela
Receita.
(MA)
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