São Paulo, Quinta-feira, 28 de Outubro de 1999
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Empresa rejeita devolver Embratel

de Washington

A operadora norte-americana MCI WorldCom informou ontem a investidores internacionais que recusa a oferta feita pelo ministro Pimenta da Veiga (Comunicações) de devolver ao governo brasileiro o controle da Embratel, embora considere essa sugestão "generosa".
Anteontem, o ministro havia dito que o governo brasileiro aceitará desfazer a venda para a MCI caso a companhia norte-americana duvide da boa-fé do governo brasileiro durante o processo de privatização da Embratel, ocorrido em julho em 98. A MCI comprou a Embratel por R$ 2,65 bilhões.
Depois da privatização, a Embratel recebeu uma cobrança de cerca de R$ 1,3 bilhão, da Receita Federal, por impostos atrasados referentes a anos anteriores à privatização. Os novos controladores da Embratel se negam a pagá-los, argumentando que o governo brasileiro havia garantido aos concorrentes, durante o processo de privatização, que a cobrança não seria feita.
A manifestação da MCI aos investidores começou numa conversa por telefone realizada pela manhã entre Daniel Crawford, executivo da MCI escolhido para presidir a Embratel, e representantes de bancos. A Folha acompanhou essa conversa.
"Acho que seus comentários (do ministro) foram feitos no calor de várias perguntas que estavam sendo feitas. Ele fez uma oferta generosa, (disse) que se a MCI acredita que alguma coisa está errada o governo pode pegar de volta. Eu garanto para vocês que a MCI não tem nenhuma intenção de fazer tal oferta ao governo do Brasil", afirmou ele ao responder uma pergunta de um executivo do banco J.P. Morgan.
"Tendo dito isso, continuaremos, como MCI WorldCom, a apoiar a Embratel em sua tentativa de proteger seus acionistas contra o pagamento de impostos que julgamos indevidos", afirmou o executivo da MCI.
Durante essa conversa, Crawford prometeu que irá defender a posição da companhia com relação aos impostos "vigorosa e agressivamente".
Mais tarde, numa carta enviada ontem pela MCI aos investidores, a que a Folha teve acesso, a companhia informa que tem em seu poder documentos suficientes provando que o Brasil informara que os impostos não eram devidos e não seriam cobrados.
"O governo e seus assessores foram especificamente questionados (via e-mails que ficaram disponíveis para todos os participantes registrados) a confirmar que a Embratel não era responsável pelos impostos, e um parecer escrito de um escritório de advocacia foi colocado no "data room" como confirmação posterior. Em nenhum momento, durante o processo de privatização, os concorrentes receberam qualquer indicação de que a opinião do governo, como controlador e vendedor da Embratel, não era a mesma da Receita Federal", afirma a carta enviada pela empresa.
Segundo a MCI, apenas depois da privatização a companhia teve acesso a cartas de maio de 1998 em que o presidente da Telebrás, Fernando Xavier Ferreira, e o presidente da Embratel, Dilion Penedo, conversam sobre uma potencial cobrança desse imposto pela Receita. (MA)



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