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PRIVATIZAÇÃO
Comunicado da empresa afirma que a multa potencial é de R$ 751 milhões, e não R$ 1,3 bilhão
Embratel tem lucro de R$ 209 milhões
ELVIRA LOBATO
da Sucursal do Rio
O balanço da Embratel referente ao terceiro trimestre do ano, divulgado ontem para o mercado,
mostra que a norte-americana
MCI não tem motivos para devolver o controle da operadora ao
governo brasileiro, conforme
chegou a sugerir ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga.
A empresa faturou R$ 1,28 bilhão e teve lucro líquido de R$ 209
milhões entre julho e setembro,
embora ainda esteja com prejuízo
de R$ 218 milhões no acumulado
do ano, por causa do impacto negativo da desvalorização do câmbio sobre seu endividamento.
O último trimestre foi mais lucrativo para a Embratel do que todo o ano passado. Os demonstrativos de 1998 mostram que a operadora fechou o ano com um lucro de apenas R$ 124 milhões e R$
4 bilhões de faturamento líquido.
Além de exibir lucro de R$ 209
milhões no trimestre, a empresa
informou que a dívida potencial
que tem com a Receita -pivô de
toda a polêmica com o governo-
é de pouco mais da metade do
que ela havia declarado ao mercado em informes anteriores. O débito potencial seria de R$ 751 milhões e não de R$ 1,3 bilhão, como
vinha sendo noticiado.
A situação real, descrita em detalhes pela empresa no comunicado público, é a seguinte: em
março deste ano, ela recebeu um
auto de infração da Receita no valor de R$ 287 milhões (incluindo
juros e multas) por não ter pago o
Imposto de Renda sobre as receitas que obteve com as ligações do
exterior para o Brasil.
Um mês depois, a operadora recebeu um novo auto de infração,
desta vez de R$ 64 milhões, pelos
mesmos motivos da cobrança anterior. Os dois valores -total de
R$ 351 milhões- referem-se a
tributos sobre receitas obtidas pela Embratel em 1996 e 1997, quando ela ainda era controlada pela
União, que não foram recolhidos
ao Fisco pela gestão estatal.
Recurso
A MCI, que comprou o controle
da antiga estatal por R$ 2,6 bilhões no leilão de privatização,
entrou com recurso administrativo na Receita contestando a cobrança, mas, por medida de precaução, começou a pagar o imposto sobre a receita que obteve
com o serviço a partir da data da
privatização (29 de julho de 1998).
Além de tributar as receitas de
ligações internacionais geradas
do exterior, a Receita informou à
Embratel que também seriam tributados os valores que ela remete
para as operadoras internacionais
como participação delas nas ligações do Brasil para o exterior. Um
primeiro levantamento feito pela
Embratel apontou um rombo potencial de R$ 750 milhões, em valores de dezembro de 1998.
A atualização desse valor somada às duas autuações já aplicadas
pela Receita sobre a empresa resultava na cifra de R$ 1,3 bilhão,
que levou a empresa ao pânico.
O quadro começou a se mostrar
menos dramático para a empresa
no final de agosto, quando a Receita, respondendo a um pedido
de informações da Embratel, esclareceu que o Imposto de Renda
sobre as remessas para as operadoras estrangeiras só se aplicava
em relação aos países que não têm
acordos de tributação bilateral
com o Brasil e, ainda assim, só incidiria até 19 de outubro de 1998,
quando o Brasil formalizou sua
adesão à convenção da UIT
(União Internacional de Telecomunicações).
Refeitos os cálculos, à luz das informações prestadas pelo Fisco, a
empresa chegou a um rombo potencial de R$ 400 milhões para a
hipótese de ter de arcar com o imposto sobre as remessas para as
operadoras estrangeiras.
O diretor financeiro da Embratel, Luigi Bianchi, disse que a diminuição do rombo não significa
a solução do problema para a empresa. ""Em vez de morrermos
com cinco tiros, vamos morrer
com três tiros", ironizou.
A MCI sustenta que não tem
responsabilidade sobre os débitos, uma vez que eles se referem
ao período estatal. No comunicado, a operadora diz que vai continuar a contestar ""vigorosamente"
o passivo e que acredita que sairá
vitoriosa em última instância.
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