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Minas usa Cemig para arrecadar R$ 276 mi
RANIER BRAGON
free-lance para a Agência Folha, em Belo Horizonte
Em reunião do Conselho de
Administração, realizada ontem,
a energética Cemig (Companhia
Energética de Minas Gerais)
aprovou a antecipação de ICMS
(Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços) ao governo mineiro, o que vai possibilitar um reforço de R$ 276,6 milhões ao caixa do Estado.
A operação, conhecida como
"securitização de recebíveis", é
fruto de uma dívida que o Estado
de Minas Gerais tem com a Cemig, no valor de R$ 996 milhões.
A estatal vai lançar títulos no
mercado, no valor de parte dessa
dívida -R$ 276,6 milhões- e os
compradores dos títulos receberão o pagamento do Estado em
um prazo de 36 meses.
O dinheiro, que será recebido à
vista pela estatal com a venda dos
títulos, será repassado ao Estado
a título de antecipação do ICMS.
A Cemig terá descontado mensalmente do valor que teria de pagar ao governo R$ 7,68 milhões,
durante os 36 meses.
Os sócios privados da energética divulgaram nota repudiando a
operação. Segundo eles, a medida
beneficia o Estado, acionista controlador, em detrimento dos interesses da empresa.
A antecipação é resultado da
mudança no estatuto da empresa, feita na segunda-feira, que deu
poderes absolutos ao governo
mineiro na tomada de decisões
na empresa.
O governo do Estado conta
com esse valor para diminuir o
déficit estadual, que deve chegar,
no final do ano, a R$ 228 milhões,
já incluída aí a receita gerada pela
operação da Cemig.
A alteração, amparada em liminar judicial, anulou o acordo de
acionistas da Cemig firmado em
1997 e tirou o poder de veto dos
sócios privados.
Pelo acordo, os sócios privados
-grupo formado pelas norte-americanas AES, Southern Eletric
e pelo banco brasileiro Opportunity- indicariam o vice-presidente, dois diretores, quatro conselheiros da estatal e teriam o poder de vetar decisões da diretoria
da empresa que ultrapassassem o
valor de R$ 1 milhão.
A disputa judicial continua.
Anteontem, o TJ (Tribunal de
Justiça) de Minas Gerais cassou
parcialmente a liminar do governo que anulava o acordo de acionistas da Cemig, mas manteve a
anulação da cláusula do acordo
que dava aos sócios privados da
estatal o poder de veto.
A revisão do acordo de acionistas da Cemig foi uma das promessa de campanha de Itamar.
Após a posse, o governador mineiro aprovou uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na
Assembléia Legislativa mineira
para apurar os termos da venda
das ações.
Hidrelétrica
Na reunião de ontem, ficou
aprovada também a construção
de uma hidrelétrica na cidade de
Aimorés (544 km ao leste de Belo
Horizonte, quase na divisa com o
Espírito Santo) que terá capacidade para produzir 330 MW.
As obras devem começar em
março de 2000, e a previsão é de
que durem dois anos. Serão investidos R$ 330 milhões. A Cemig
(que terá 49% das ações), a empresa Vale do Rio Doce (25,5%
das ações) e a AES (25,5% das
ações) formarão o consórcio controlador da hidrelétrica.
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