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CRIME ORGANIZADO
Pefelista do MA é acusado de envolvimento com narcotráfico
Ex-deputado é preso após
prestar depoimento na CPI
IRINEU MACHADO
da Agência Folha, em São Luís
O ex-deputado
estadual Hemetério
Weba Filho (PFL-MA), 48, teve prisão
temporária decretada por 30 dias ontem, depois de prestar depoimento para os deputados federais integrantes da CPI do Narcotráfico,
em São Luís.
Foi a 20ª prisão no Maranhão
desde o fim de setembro relacionada às investigações sobre o crime organizado.
Weba foi acusado de envolvimento com tráfico de drogas e em
quatro assassinatos na região de
Nova Olinda e Santa Luzia do Paruá (cidades na região noroeste
do Maranhão), sua base eleitoral.
Ele nega as acusações e se diz vítima de "perseguição política".
A CPI fez uma acareação entre
Weba e o ex-funcionário público
Messias Vital, 32, que disse ter
presenciado por cinco vezes, entre 96 e 97, o avião monomotor do
ex-deputado pousar na rodovia
BR-316, em Nova Olinda, carregado com pacotes "de pó branco
prensado". Para o relator da CPI,
Moroni Torgan (PFL-CE), "trata-se de cocaína".
Houve acareação também entre
Weba e os suspeitos de participar
de grupos criminosos do interior
do Maranhão. Jorge Meres de Almeida, José João Soares e o ex-sargento da Polícia Militar Antônio Lisboa Corrêa, presos, acusaram Weba de envolvimento com
o crime organizado.
"Estou sendo acusado por bandidos. Isso é uma injustiça", disse
o ex-deputado, que não foi reeleito após seu primeiro mandado na
Assembléia Legislativa (95-99).
Weba disse à CPI que fazia uso
pessoal do avião Corisco prefixo
PT-NKZ para se deslocar de São
Luís a Santa Luzia do Paruá. Disse
que os planos de vôo eram repassados ao DAC (Departamento de
Aviação Civil da Aeronáutica),
mas "nem sempre". "Errei algumas vezes, reconheço." A pista de
pouso que Weba dizia usar em
Santa Luzia do Paruá era clandestina, sem a homologação do DAC,
segundo apurou a CPI.
O deputado estadual José Gerardo de Abreu (PPB), apontado
como líder do crime organizado
no Maranhão, foi indiciado ontem pela CPI do Narcotráfico. O
"indiciamento indireto", aprovado pelos deputados, é um recurso
para que o deputado seja chamado para depor como indiciado.
Abreu tem um habeas corpusdo
Supremo Tribunal Federal que
lhe dá o direito de depor como
testemunha, sem estar sujeito a
juramento. Ele não pode ser preso
por ter imunidade parlamentar.
Com o indiciamento, a CPI
pressupõe que o deputado seja
culpado das acusações feitas contra ele. "Se ele não apareceu para
depor até agora, é porque não tem
argumentos para rebater as acusações", disse Moroni Torgan.
No indiciamento, os deputados
citaram o envolvimento de Abreu
em cinco crimes: receptação de
cargas e veículos roubados, formação de quadrilha, homicídio
qualificado, porte ilegal de armas
e envolvimento com tráfico de
drogas. O deputado nega as acusações.
Os advogados do deputado afirmaram que ele tem o direito de
escolher quando vai depor e que
pretende ir à CPI em Brasília, no
dia 4 de novembro. Torgan disse
que a CPI deve pedir a prisão de
pelo menos mais 12 pessoas.
Três juízes seriam ouvidos ontem à noite pelos deputados. Eles
foram convocados porque seus
nomes foram citados como suspeitos de envolvimento com integrantes do grupo de crime organizado no Estado.
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