São Paulo, Quinta-feira, 28 de Outubro de 1999
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CRIME ORGANIZADO
Pefelista do MA é acusado de envolvimento com narcotráfico
Ex-deputado é preso após prestar depoimento na CPI

IRINEU MACHADO
da Agência Folha, em São Luís


O ex-deputado estadual Hemetério Weba Filho (PFL-MA), 48, teve prisão temporária decretada por 30 dias ontem, depois de prestar depoimento para os deputados federais integrantes da CPI do Narcotráfico, em São Luís.
Foi a 20ª prisão no Maranhão desde o fim de setembro relacionada às investigações sobre o crime organizado.
Weba foi acusado de envolvimento com tráfico de drogas e em quatro assassinatos na região de Nova Olinda e Santa Luzia do Paruá (cidades na região noroeste do Maranhão), sua base eleitoral. Ele nega as acusações e se diz vítima de "perseguição política".
A CPI fez uma acareação entre Weba e o ex-funcionário público Messias Vital, 32, que disse ter presenciado por cinco vezes, entre 96 e 97, o avião monomotor do ex-deputado pousar na rodovia BR-316, em Nova Olinda, carregado com pacotes "de pó branco prensado". Para o relator da CPI, Moroni Torgan (PFL-CE), "trata-se de cocaína".
Houve acareação também entre Weba e os suspeitos de participar de grupos criminosos do interior do Maranhão. Jorge Meres de Almeida, José João Soares e o ex-sargento da Polícia Militar Antônio Lisboa Corrêa, presos, acusaram Weba de envolvimento com o crime organizado.
"Estou sendo acusado por bandidos. Isso é uma injustiça", disse o ex-deputado, que não foi reeleito após seu primeiro mandado na Assembléia Legislativa (95-99).
Weba disse à CPI que fazia uso pessoal do avião Corisco prefixo PT-NKZ para se deslocar de São Luís a Santa Luzia do Paruá. Disse que os planos de vôo eram repassados ao DAC (Departamento de Aviação Civil da Aeronáutica), mas "nem sempre". "Errei algumas vezes, reconheço." A pista de pouso que Weba dizia usar em Santa Luzia do Paruá era clandestina, sem a homologação do DAC, segundo apurou a CPI.
O deputado estadual José Gerardo de Abreu (PPB), apontado como líder do crime organizado no Maranhão, foi indiciado ontem pela CPI do Narcotráfico. O "indiciamento indireto", aprovado pelos deputados, é um recurso para que o deputado seja chamado para depor como indiciado.
Abreu tem um habeas corpusdo Supremo Tribunal Federal que lhe dá o direito de depor como testemunha, sem estar sujeito a juramento. Ele não pode ser preso por ter imunidade parlamentar.
Com o indiciamento, a CPI pressupõe que o deputado seja culpado das acusações feitas contra ele. "Se ele não apareceu para depor até agora, é porque não tem argumentos para rebater as acusações", disse Moroni Torgan.
No indiciamento, os deputados citaram o envolvimento de Abreu em cinco crimes: receptação de cargas e veículos roubados, formação de quadrilha, homicídio qualificado, porte ilegal de armas e envolvimento com tráfico de drogas. O deputado nega as acusações.
Os advogados do deputado afirmaram que ele tem o direito de escolher quando vai depor e que pretende ir à CPI em Brasília, no dia 4 de novembro. Torgan disse que a CPI deve pedir a prisão de pelo menos mais 12 pessoas.
Três juízes seriam ouvidos ontem à noite pelos deputados. Eles foram convocados porque seus nomes foram citados como suspeitos de envolvimento com integrantes do grupo de crime organizado no Estado.



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