São Paulo, domingo, 28 de outubro de 2001

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OUTRO LADO

Fazendeiros acusam os invasores; Incra culpa ausência do poder público

Secretário diz que faltam juízes e promotores no PA

DA AGÊNCIA FOLHA

O secretário da Segurança Pública do Estado do Pará, Paulo Sette Câmara, afirmou que os assassinatos de trabalhadores rurais estão sendo investigados como deveriam pela Polícia Civil.
Segundo o secretário, o que poderia melhorar a situação, reduzindo a impunidade dos assassinos e mandantes dos crimes, seria "aumentar o número de juízes e promotores na maioria das cidades do interior do Estado".
O secretário do governador tucano Almir Gabriel, que está em sua segunda gestão no cargo, disse que já recebeu denúncias da existência de "grupos de matadores" agindo nos assassinatos no campo e que todas elas foram encaminhadas para investigação.
O superintendente da Polícia Federal, Geraldo José de Araújo, afirmou também que investiga uma denúncia contra uma empresa de segurança, que serviria de fachada para a contratação de pistoleiros. Segundo ele, por enquanto não existe um caso concreto de pistolagem "maquiado por essas firmas".
"Apesar de faltar estrutura e dinheiro -eu não vou negar-, nós não temos nenhum caso concreto", disse o superintendente.
Fazendeiros ouvidos pela Agência Folha, que preferem não se identificar, culpam as invasões de fazendas produtivas pelos sem-terra pelo aumento do número de assassinatos de trabalhadores rurais no interior do Estado.
Por seu lado, o superintendente regional do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) no sul do Pará, Darwin Boerner Jr., afirmou que a violência no campo não está ligada à demora para a desapropriação de terras, como afirma a Comissão Pastoral da Terra, e sim devido à "ausência do poder público".
"A região é altamente violenta pela ausência do Estado, pela deficiência da própria presença da segurança pública e pela falta de estrutura do Judiciário", declarou Boerner Jr.
Desde que ele assumiu o Incra, em julho do ano passado, o superintendente promoveu uma revisão e seleção que levou ao arquivamento de em torno de 200 dos cerca de 300 processos de desapropriação em andamento.
Isso, diz ele, por se tratarem de casos que não serviam à reforma agrária, mas à especulação com terras. Neste ano, houve um pequeno aumento do número de assentamentos (1.629 famílias beneficiadas até agora) em relação ao ano passado (1.140). (EDUARDO DE OLIVEIRA e EDUARDO SCOLESE)


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