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OUTRO LADO
Fazendeiros acusam os invasores; Incra culpa ausência do poder público
Secretário diz que faltam juízes e promotores no PA
DA AGÊNCIA FOLHA
O secretário da Segurança Pública do Estado do Pará, Paulo
Sette Câmara, afirmou que os assassinatos de trabalhadores rurais
estão sendo investigados como
deveriam pela Polícia Civil.
Segundo o secretário, o que poderia melhorar a situação, reduzindo a impunidade dos assassinos e mandantes dos crimes, seria
"aumentar o número de juízes e
promotores na maioria das cidades do interior do Estado".
O secretário do governador tucano Almir Gabriel, que está em
sua segunda gestão no cargo, disse que já recebeu denúncias da
existência de "grupos de matadores" agindo nos assassinatos no
campo e que todas elas foram encaminhadas para investigação.
O superintendente da Polícia
Federal, Geraldo José de Araújo,
afirmou também que investiga
uma denúncia contra uma empresa de segurança, que serviria
de fachada para a contratação de
pistoleiros. Segundo ele, por enquanto não existe um caso concreto de pistolagem "maquiado
por essas firmas".
"Apesar de faltar estrutura e dinheiro -eu não vou negar-,
nós não temos nenhum caso concreto", disse o superintendente.
Fazendeiros ouvidos pela Agência Folha, que preferem não se
identificar, culpam as invasões de
fazendas produtivas pelos sem-terra pelo aumento do número de
assassinatos de trabalhadores rurais no interior do Estado.
Por seu lado, o superintendente
regional do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária) no sul do Pará, Darwin
Boerner Jr., afirmou que a violência no campo não está ligada à demora para a desapropriação de
terras, como afirma a Comissão
Pastoral da Terra, e sim devido à
"ausência do poder público".
"A região é altamente violenta
pela ausência do Estado, pela deficiência da própria presença da segurança pública e pela falta de estrutura do Judiciário", declarou
Boerner Jr.
Desde que ele assumiu o Incra,
em julho do ano passado, o superintendente promoveu uma revisão e seleção que levou ao arquivamento de em torno de 200 dos
cerca de 300 processos de desapropriação em andamento.
Isso, diz ele, por se tratarem de
casos que não serviam à reforma
agrária, mas à especulação com
terras. Neste ano, houve um pequeno aumento do número de assentamentos (1.629 famílias beneficiadas até agora) em relação ao
ano passado (1.140).
(EDUARDO DE OLIVEIRA e EDUARDO SCOLESE)
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