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Massacre de Eldorado ainda não foi julgado
DA AGÊNCIA FOLHA
O massacre de Eldorado do Carajás, no qual 19 sem-terra foram
assassinados por policiais militares, em 1996, não teve até hoje o
julgamento definitivo de seus responsáveis. Apesar da pressão de
entidades de direitos humanos e
da repercussão dentro e fora do
país, a data para um novo julgamento ainda não foi marcada.
Em 16 de abril de 1996, cerca de
1.100 sem-terra bloquearam a rodovia PA-150, em Eldorado do
Carajás (sul do Pará). No dia seguinte, o governador Almir Gabriel (PSDB), então em seu primeiro mandato, ordenou a desobstrução da estrada e enviou
cerca de 200 policiais para a operação. Houve confronto, 19 sem-terra foram mortos e pelo menos
60 pessoas foram feridas.
Quatro meses depois do massacre, o processo chegou à Justiça,
com 155 policiais militares pronunciados. Em maio de 1996 foram divulgados os laudos da perícia judicial. Os sem-terra foram
mortos com tiros à queima-roupa, pelas costas ou na cabeça.
Em janeiro de 98, a Folha publicou reportagem na qual demonstrava que, dos 21 jurados pré-selecionados para o julgamento, 13 tinham ligações com fazendeiros.
O TJ fez um novo sorteio. Os três
militares que comandavam a operação (o coronel Mário Colares
Pantoja, o major José Maria Oliveira e o capitão Raimundo Almendra Lameira) foram absolvidos pelos jurados no primeiro julgamento, em agosto de 1999, mas
a decisão foi anulada pelo Tribunal de Justiça do Pará em 2000.
Em junho deste ano, a juíza Eva
do Amaral Coelho determinou
nova perícia na fita depois que o
Ministério Público pediu a inclusão do laudo do perito da Unicamp Ricardo Molina, o que foi
negado. Molina identificou um
sem-terra caído atrás dos policiais, o que explicaria o avanço
dos sem-terra contra a PM. O perito confirmou que o primeiro tiro saiu do lado dos PMs. A juíza
considerou a prova "imprestável"
porque não foi dada oportunidade para os advogados dos PMs fazerem perguntas ao técnico. Nova
perícia está sendo feita em Belém.
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