São Paulo, domingo, 28 de outubro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Massacre de Eldorado ainda não foi julgado

DA AGÊNCIA FOLHA

O massacre de Eldorado do Carajás, no qual 19 sem-terra foram assassinados por policiais militares, em 1996, não teve até hoje o julgamento definitivo de seus responsáveis. Apesar da pressão de entidades de direitos humanos e da repercussão dentro e fora do país, a data para um novo julgamento ainda não foi marcada.
Em 16 de abril de 1996, cerca de 1.100 sem-terra bloquearam a rodovia PA-150, em Eldorado do Carajás (sul do Pará). No dia seguinte, o governador Almir Gabriel (PSDB), então em seu primeiro mandato, ordenou a desobstrução da estrada e enviou cerca de 200 policiais para a operação. Houve confronto, 19 sem-terra foram mortos e pelo menos 60 pessoas foram feridas.
Quatro meses depois do massacre, o processo chegou à Justiça, com 155 policiais militares pronunciados. Em maio de 1996 foram divulgados os laudos da perícia judicial. Os sem-terra foram mortos com tiros à queima-roupa, pelas costas ou na cabeça.
Em janeiro de 98, a Folha publicou reportagem na qual demonstrava que, dos 21 jurados pré-selecionados para o julgamento, 13 tinham ligações com fazendeiros. O TJ fez um novo sorteio. Os três militares que comandavam a operação (o coronel Mário Colares Pantoja, o major José Maria Oliveira e o capitão Raimundo Almendra Lameira) foram absolvidos pelos jurados no primeiro julgamento, em agosto de 1999, mas a decisão foi anulada pelo Tribunal de Justiça do Pará em 2000.
Em junho deste ano, a juíza Eva do Amaral Coelho determinou nova perícia na fita depois que o Ministério Público pediu a inclusão do laudo do perito da Unicamp Ricardo Molina, o que foi negado. Molina identificou um sem-terra caído atrás dos policiais, o que explicaria o avanço dos sem-terra contra a PM. O perito confirmou que o primeiro tiro saiu do lado dos PMs. A juíza considerou a prova "imprestável" porque não foi dada oportunidade para os advogados dos PMs fazerem perguntas ao técnico. Nova perícia está sendo feita em Belém.



Texto Anterior: Outro lado: Secretário diz que faltam juízes e promotores no PA
Próximo Texto: Sucessão no escuro: PT vai às urnas para escolher candidato ao governo de SP
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.